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sábado, 2 de março de 2019

Adulteça, se maternize e paternize!


Adulteça, se maternize e paternize! Para conquistar sua liberdade emocional, seja seu próprio pai e sua própria mãe!

Autor Roberto Debski


Reflitamos sobre essa fala atribuída a Osho (não consegui confirmação da autoria, porém, é uma frase com total sentido):

“Um nascimento foi dado a você por seus pais, o outro nascimento está esperando. Ele tem de ser dado a você por você mesmo. Você tem que paternizar e maternizar a si mesmo”. Osho

Osho foi um filósofo e místico indiano envolto em muitas controvérsias, porém, aproveito e aprecio muitos de seus escritos e pensamentos.

Desconheço se teve contato com as constelações familiares, pois faleceu em 1990, mas, como as verdades são sempre complementares e consonantes, essa frase tem total sintonia com o que aprendemos na visão sistêmica, em relação às funções parentais, materna e paterna.

Ambas são necessárias e fundamentais, e quando em desequilíbrio, podem levar a criança a viver, até a fase adulta, em situação de carências e adoecimento físico e emocional.

Os traumas infantis, os quais muitas vezes são reflexos sistêmicos de traumas transgeracionais, epigenética e sistemicamente transmitidos, levam as pessoas a repetirem padrões familiares e exercerem funções materna e paterna doentias. As crianças e jovens, por amor e lealdade sistêmica, assumirão a dor e a doença dos excluídos do sistema, carregando adiante essas disfunções e as perpetuando em seus sistemas familiares até que alguém olhe mais profundamente, através da alma, para essas dinâmicas e saia do padrão herdado, assumindo a má consciência, tornando-se a ovelha negra da família.

Várias abordagens na psicologia teorizam a respeito desse tema, como por exemplo a “Teoria do Apego” de Bowlby que nos fala sobre o “apego” (ou vínculo) seguro (saudável) ou inseguro (não saudável).

Quando desenvolvemos uma relação e apego saudável, nosso modelo de relacionamento ao crescer será funcional, mas, quando o apego é inseguro ou não saudável, podemos sofrer as consequências que podem vir na forma de ansiedade, depressão e doenças psíquicas, e buscaremos relações que supram essa necessidade de vínculo quando adultos.

Atuaremos inconscientemente de maneira infantil com nossos amigos, companheiros ou filhos, ansiando pela maternagem ou paternagem (vínculo ou apego saudável), que nossos pais não podem nos dar, apesar deles terem feito o seu melhor. Como não é possível que ninguém supra nossas carências infantis, as relações se tornam problemáticas, exigentes, disfuncionais, triangulações dramáticas, repetidas com outras pessoas.

O movimento saudável, conforme observamos nas Constelações Familiares, para conquistarmos a cura sistêmica é: “meu eu adulto agora acolhe e cuida da minha criança interior. Eu serei o pai e a mãe da minha criança e darei a ela o que necessita daqui por diante”.

É disso que se trata nosso “segundo nascimento”, o que significa necessitarmos “maternizar” e “paternizar” a nós mesmos. Não é tarefa fácil, porém, olhando além dos nossos pais, para as gerações anteriores a eles, para todo nosso sistema familiar de onde vem a Vida e a sua força, torna-se possível aceitar tudo como é, o destino de todos, tomar nossos pais como são, e, enfim, a vida como ela é e conforme nos coube, sem nada excluir, aceitando nosso destino.

Quando nos “maternizamos” e “paternizamos”, a Vida pode chegar com força, assumimos nossa missão, e “adultecemos”, com humildade e gratidão ajudando a curar nosso sistema familiar, encaminhando-o a um lugar mais próspero e saudável.

Olhamos interiormente e sentimos o Amor e a potência da Vida, percebemos e interiorizamos as bênçãos e a autorização para seguir adiante, levando todos conosco, em nosso coração.

Roberto Debski
Médico e psicólogo, facilitador em Constelações Sistêmicas

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