Soneto de fidelidade
De tudo ao meu
amor serei atento
Antes, e com tal
zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em
face do maior encanto
Dele se encante
mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em
cada vão momento
E em seu louvor
hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e
derramar meu pranto
Ao seu pesar ou
seu contentamento
E assim, quando
mais tarde me procure
Quem sabe a
morte, angústia de quem vive
Quem sabe a
solidão, fim de quem ama
Eu possa me
dizer do amor (que tive):
Que não seja
imortal, posto que é chama
Mas que seja
infinito enquanto dure.
– Vinicius de
Moraes, do livro “Antologia poética”. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960,
p. 96.
Ouça aqui Vinicius de Moraes recitando “Soneto de
Fidelidade” (Vinicius de Moraes). Acompanhado de Tom Jobim no piano:
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