Já sabemos que as línguas são um conjunto bastante
variado de formas linguísticas, cada uma delas com a sua gramática, a sua
organização estrutural. Do ponto de vista científico, não há como dizer que uma
forma linguística é melhor que outra, a não ser que a gente se esqueça da
ciência e adote o preconceito ou gosto pessoal como critério.
Entretanto, é fato que há uma diferenciação
valorativa, que nasce não da diferença desta ou daquela forma em si, mas do
significado social que certas formas linguísticas adquirem nas sociedades.
Mesmo que nunca tenhamos pensado objetivamente a respeito, nós sabemos (ou
procuramos saber o tempo todo) o que é e o que não é permitido... Nós
costumamos “medir nossas palavras”, entre outras razões, porque nosso ouvinte
vai julgar não somente o que se diz, mas também quem diz. E a linguagem é altamente
reveladora: ela não transmite só informações neutras; revela também nossa
classe social, a região de onde viemos, o nosso ponto de vista, a nossa
escolaridade, a nossa intenção... Nesse sentido, a linguagem também é um índice
de poder.
Assim, na rede das linguagens de uma dada sociedade, a
língua padrão ocupa um espaço privilegiado: ela é o conjunto de formas
consideradas como o modo correto, socialmente aceitável, de falar ou escrever.
FARRACO, Carlos Alberto & TEZZA, Cristóvão. Prática de texto: língua
portuguesa para nossos estudantes. 4 ed. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 30.
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