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sábado, 12 de maio de 2018

Leitura - Uma Confissão, de Liev Tolstói



No livro "Uma Confissão", o gênio da literatura russa, Liev Tolstói, conta sobre sua depressão profunda no auge do sucesso literário. Ele também fala dos altos e baixos de sua fé e de como conseguiu superar a doença. Veja o trecho:

"Lembro-me de que, num início de primavera, eu estava sozinho na floresta escutando os sons do bosque. Eu escutava e pensava sobre a mesma coisa, assim como vinha fazendo durante os três últimos anos — eu estava em busca de Deus. E, de repente, eu pensava: 'Está bem, não há nenhum Deus. Não há ninguém que não seja a minha imaginação. Ele não existe. E nada, nenhum milagre, pode comprovar Sua existência, porque milagres serão a minha imaginação, ainda por cima irracional.' Nesse momento, olhei para mim mesmo, para o que ocorria dentro de mim, e de novo tudo começava a morrer ao redor e dentro de mim, de novo eu queria me matar.



'Mas e minha ideia de Deus? Daquele a quem procuro?', eu me perguntava. 'De onde veio essa concepção?' Bastava pensar Nele, e as ondas alegres de vida ressurgiam em mim. Tudo em torno de mim voltava à vida, ganhava sentido.



Porém, minha felicidade durava pouco. A mente continuava seu trabalho. Eu pensava novamente: 'A ideia de Deus não é Deus. A ideia é algo que acontece dentro de mim, a ideia de Deus é o que eu posso evocar ou posso reprimir dentro de mim. E não é isso que eu procuro. Procuro algo sem o qual não pode haver vida.' E de novo tudo começava a morrer em mim. E lembrei-me de que eu só vivo, realmente vivo, quando O sinto e procuro por Ele.



'Então o que mais eu procuro?', gritou uma voz dentro de mim.' Aqui está Ele! Ele é aquilo sem o qual não se pode viver. Ter consciência de Deus e viver é o mesmo. Deus é a vida. E, com mais força do que nunca, tudo se iluminou ao meu redor e essa luz não me abandonou mais. E assim me salvei do suicídio." 

(Últimos dias - Uma confissão, página 20 (editado))

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