No livro "Uma
Confissão", o gênio da literatura russa, Liev Tolstói, conta sobre sua depressão profunda no auge do sucesso
literário. Ele também fala dos altos e baixos de sua fé e de como conseguiu
superar a doença. Veja o trecho:
"Lembro-me de que, num início de primavera, eu estava sozinho na
floresta escutando os sons do bosque. Eu escutava e pensava sobre a mesma
coisa, assim como vinha fazendo durante os três últimos anos — eu estava em
busca de Deus. E, de repente, eu pensava: 'Está bem, não há nenhum Deus. Não há
ninguém que não seja a minha imaginação. Ele não existe. E nada, nenhum
milagre, pode comprovar Sua existência, porque milagres serão a minha
imaginação, ainda por cima irracional.' Nesse momento, olhei para mim mesmo,
para o que ocorria dentro de mim, e de novo tudo começava a morrer ao redor e
dentro de mim, de novo eu queria me matar.
'Mas e minha ideia de Deus? Daquele a quem procuro?', eu me perguntava.
'De onde veio essa concepção?' Bastava pensar Nele, e as ondas alegres de vida
ressurgiam em mim. Tudo em torno de mim voltava à vida, ganhava sentido.
Porém, minha felicidade durava pouco. A mente continuava seu trabalho.
Eu pensava novamente: 'A ideia de Deus não é Deus. A ideia é algo que acontece
dentro de mim, a ideia de Deus é o que eu posso evocar ou posso reprimir dentro
de mim. E não é isso que eu procuro. Procuro algo sem o qual não pode haver
vida.' E de novo tudo começava a morrer em mim. E lembrei-me de que eu só vivo,
realmente vivo, quando O sinto e procuro por Ele.
'Então o que mais eu procuro?', gritou uma voz dentro de mim.' Aqui está
Ele! Ele é aquilo sem o qual não se pode viver. Ter consciência de Deus e viver
é o mesmo. Deus é a vida. E, com mais força do que nunca, tudo se iluminou ao
meu redor e essa luz não me abandonou mais. E assim me salvei do
suicídio."
(Últimos dias - Uma
confissão, página 20 (editado))
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