Família:
primeira pessoa do plural
"Ter
família é saber que existo no plural. Torno-me parte de NÓS, entremeado de
amor, gostos parecidos, manias que compartilho e diferenças que respeito, que
me fazem crescer. Deixo de ser eu e sou mais eu quando misturada a vários eus que são tão meus e únicos ao mesmo
tempo. Sou um pouco meu pai, irmãos, tios, primos, avós, mãe e quem mais tiver
meu sangue ou tiver chegado e tomado conta do coração, transformou-se em
agregado, por agregar ainda mais pluralidade a nós.
Família, quando
vive como tal, sempre conjuga o verbo na primeira pessoa do plural. O problema
não é meu, não é dele, é nosso. Nós vamos resolver, nós vamos à festa. E não
teria a mesma graça se só eu fosse à festa. Seria mais difícil se eu, sozinho,
resolvesse o problema. Família é mais “Nós vamos?” do que “Eu vou?”. Pode até
haver muita trapalhada nessa de “Nós vamos?”, haja paciência para combinar
datas, horários e lugares, mas a vontade de estar juntos, faz do nós primeira
pessoa da vida e só vale se for plural.
Família é
explicação para muito do que faço sem ver. [...] E acredito que nem tudo é
genética. Quanto mais unida é uma família, maior a semelhança, maiores os nós
que atam uns aos outros, pela convivência.
Porque família
também é nó, desses que não desatam fácil. É amizade que nasce com a gente,
embora tanto irmão se desentenda pelo caminho. Até compreendo quem prefira
viver no singular, não pode? Pode. Mas eu nunca vou achar que supera o
aprendizado que a família é capaz de proporcionar. Parentes são muito parecidos
e muito diferentes. Tem de tudo. Toda família tem um:… E são nessas reticências
que a gente aprende que para amar precisa ser perfeito não, basta querer ser
nós em vez de apenas eu.
Quem escolhe viver
de fato como família dá prova de que quer evoluir. Amigo a gente escolhe,
família vem do jeito que for, do jeito que a gente precisa para aprender a
dizer nós. Para aprender a conjugar a vida no plural e a se atar".
(Blog Talita Camargos)
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