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sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Leitura – Grande Sertão: Veredas



João Guimarães Rosa inovou trazendo uma escrita muito próxima da linguagem falada pelo sertanejo das Gerais. Ainda assim, como ele mesmo gosta de dizer "O sertão está em toda parte". E não é que há mesmo muitas semelhanças nos regionalismos do sertão de Minas Gerais e do sertão do nordeste?



O livro traz a História de Riobaldo, que empreende uma viagem pelo sertão das gerais em busca de vingança pela morte de Joca Ramiro, honra para si e para Diadorim, alguém que veio a ser mais querido do que um amigo.



A magia dessa obra se dá na constante busca pelo antagonismo entre o bem e o mal, Deus e o diabo, inclusive com a ideia de pacto fáustico, mas questionando se tudo isso era real mesmo, a todo instante. Por que um personagem ficou mais corajoso de repente?! Por que parece que teve sorte numa empreitada?!



E o que definia que o pacto ocorrera de fato?! Quando lhe seria requerida a alma?!



Outra magia do sertão é o fato de ser tratado como um organismo vivo. O sertão meio que guia tudo o que acontece com as personagens. Essa ideia é tão forte que da aparição de um personagem notável, o próprio Riobaldo (nosso narrador, jagunço) se questiona: "você é o sertão?!" Sem dúvidas, a carga poética dessa obra é incomparável.



Contudo, ainda assim, por ser uma obra de uma escrita regional e complexa são necessários tempo, paciência, e talvez um pouco de desapego a entender a obra em toda sua plenitude e se deixar ser levado pelas sonoridades, regionalismos e sentimentos expressos nas entrelinhas.



E o que dizer da sabedoria de João Guimarães Rosa?? Mire e veja... "Sertão não é malino nem caridoso, mano oh mano!: - ...ele tira ou dá, ou agrada ou amarga, ao senhor, conforme o senhor mesmo."



Vale a pena a leitura! Uma obra escrita para ser sentida, mais do que compreendida em sua plenitude.

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