Charles Baudelaire
“É preciso estar sempre
embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do
Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem
descanso.
Com quê? Com vinho, poesia ou
virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.
E se, porventura, nos degraus
de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna de um quarto,
a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à
vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a
tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; o
vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: É hora de
embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se
sem descanso.
Com vinho, poesia ou virtude,
a escolher."
Baudelaire – poeta francês do
período realista era de temperamento inquieto, complexo, com uma sensibilidade
exacerbada. Charles Baudelaire (1821 -1867) sentiu-se atraído, como os parnasianos,
pelo valor plástico das palavras, das imagens; porém sua arte é muito mais
refinada, mais emotiva, mais sugestiva. Com doentia predileção cantou em Flores
do Mal, livro de poemas os prazeres mórbidos, a atração do vício, suas
angústias e amarguras, com sinceridade jamais observadas. Influenciou
consideravelmente a poesia francesa. (W.M.JACKSON)
Diminuta resenha – O negativismo de
sua principal e grande obra Flores do Mal, revela esta extrema sensibilidade
que extrapola de sua visão a respeito da situação humana de impermanência e de
fraqueza frente às tentações.
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