O filme não é sobre uma invasão alienígena, não é sobre o contato com o desconhecido mundo externo. A alegoria apenas injeta suspense, serve na realidade como veículo refinado para uma linda história de amor entre mãe e filha, uma difícil jornada interna de compreensão da dor como elemento inevitável na experiência do amadurecimento, uma declaração libertária de união entre povos, um alerta precioso para a necessidade do diálogo como antídoto contra a agressividade da intolerância. Somos definidos por nossas escolhas, mas caso pudéssemos optar entre sofrer a dor de um amor fadado a ter um fim horrível, ou simplesmente evitar o primeiro encontro com a pessoa, qual caminho escolheríamos? Essa é a questão que o roteiro de Eric Heisserer faz, com plena consciência de que a única resposta humanamente aceitável é a mais sádica, emoções não são forjadas em ambientes assépticos. A protagonista Louise, vivida por Amy Adams, sabe que a dor do término de uma relação, por mais avassaladora que seja a ruptura, não desvaloriza os bons momentos que a antecedem, a mágica interação, a troca de carinho, a força do perdão, pegadas na areia que serão inexoravelmente apagadas pelas ondas. É discutível até que a aceitação lúcida da finitude seja o elemento que verdadeiramente engrandeça a experiência. Sem um ponto final, qualquer frase perde relevância.
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