Objetivos:
★ Orientar o
professor na produção de relatórios
que avaliam os alunos
★ Sanar dúvidas sobre o
processo de avaliação na Educação Infantil
Avaliar crianças da Educação Infantil é uma das tarefas mais importantes
e desafiadoras do trabalho docente, pois, como estão em fase de
desenvolvimento, as dificuldades, os erros e os avanços não podem ser apontados
de maneira superficial. Sem contar o interesse dos pais, preocupados em
acompanhar os filhos no início de sua vida escolar. E foi para melhor avaliar
os pequenos que as escolas criaram os relatórios, que contam em detalhes como
se deu o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno durante determinado período,
que pode ser um bimestre ou semestre. Esses relatórios podem ser batizados com
nomes diversos: análise descritiva, relatório descritivo, registro de
desenvolvimento do aluno, entre outros, dependendo de onde ele é feito. A forma
de observar os alunos e fazer os registros também pode variar. Mas a opinião
dos educadores sobre os resultados desse tipo de avaliação parece ser unânime:
é eficiente! “O relatório é uma boa forma
de acompanhar o desenvolvimento de cada aluno e de os pais perceberem que a
escola está atenta ao filho dele”, diz Cláudia Cafarella, coordenadora
geral do Centro Educacional Objetivo Baixada Santista, onde o relatório
descritivo é aplicado até o 5º ano do Ensino Fundamental I. Mas esse tipo de
relatório é muito mais do que uma forma de avaliação, é um instrumento
reflexivo, como define Cristina Aparecida Colasanto*, pedagoga e professora da
rede municipal de São Paulo. “Esse
instrumento funciona como elemento a favor de quem aprende e de quem ensina e é
um elo comunicativo entre a escola e a família”.
Leia mais a seguir.
Está nos Referenciais: De acordo com o
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCN) “a observação das formas de expressão das
crianças, de suas capacidades de concentração e envolvimento nas atividades, de
satisfação com sua própria produção e com suas pequenas conquistas é um
instrumento de acompanhamento do trabalho que poderá ajudar na avaliação e no
replanejamento da ação educativa. No que se refere à avaliação formativa,
deve-se ter em conta que não se trata de avaliar a criança, mas sim as
situações de aprendizagem que foram oferecidas”.
Observação e registro: O sucesso de um
relatório depende da observação e do registro feitos pelo professor diariamente
em sala, no parque e em passeios. Mas não é fácil fazer anotações a respeito de
cada aluno, quando se tem uma sala com cerca de 20 crianças. Para isso é
preciso criar estratégias, como dividir a turma em grupos de quatro ou cinco
crianças e a cada dia fazer registros de um grupo. Ao final da semana, você
terá anotações sobre todos. Porém, se uma criança que não está no grupo que
você vai registrar naquele dia fizer algo que mereça registro, não deixe de
fazê-lo. “O professor deve estar atento e
em constante contato com as crianças”, alerta Silvia Vinocur Kocinas,
coordenadora da Educação Infantil do Colégio I.L. Peretz, em São Paulo.
O que observar
O professor deve fazer uma observação crítica do desenvolvimento
psicomotor, cognitivo, afetivo e social de cada aluno. Alguns quesitos são
básicos:
★ Como a criança interage com os
colegas e com o professor
★ Os conhecimentos
que adquiriu
★ As dificuldades e
as habilidades
★ Como participa das
atividades
Como registrar
Ter um caderno sempre em mãos é essencial.
★ Divida o caderno
por aluno, reservando algumas páginas para cada um.
★ Durante as
atividades, sempre que observar algo interessante anote no caderno. Pode ser
apenas uma palavra-chave, por exemplo, “contou
até dez”. – Ao final da aula, redija as informações com mais detalhes. Anote a data.
Periodicidade
Em algumas escolas, como no I.L. Peretz, o relatório é semestral. Em
outras, como no Objetivo, é bimestral. Claudia Cafarella explica que no
Objetivo os bimestres são chamados de períodos didáticos e que no primeiro
período ainda não é possível avaliar cada criança individualmente, por isso o
relatório analisa a sociabilização e a adaptação da classe como um todo.
Somente a partir do segundo período, a avaliação passa a ser individual. Os relatórios são entregues nas reuniões de pais.
Linguagem
O primeiro passo para a redação de um bom relatório é conhecer o
interlocutor, no caso os pais. Não use termos pedagógicos que dificultem o
entendimento das informações.
★ Seja claro e
objetivo. O relatório
não
precisa ser longo, desde que contenha todas as informações relevantes para
os pais.
★ Escolha bem as
palavras. Em vez de dizer que “João é egoísta”, diga “ainda
não consegue compartilhar os brinquedos”. Troque a palavra dificuldade por “necessita de auxílio para”, e em vez de
“Fulano sente-se de tal forma”, diga “Fulano se mostra de tal forma”.
★ Não classifique e não rotule a criança.
★ Evite ideias vagas. Por
exemplo, em vez de dizer apenas “Maria é
sociável”, descreva com detalhes “Maria
é sociável porque no dia tal cedeu o seu balanço ao colega”.
★ Tome cuidado com
erros de português
e utilize a nova ortografia.
Descrição ou argumentação?
Os relatórios costumam ser descritivos, como seu próprio nome diz,
contudo Cristina Colasanto, que é mestre em Linguística Aplicada e Estudos da
Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) incentiva
o uso do gênero argumentativo, considerando a teoria do professor da
Universidade de Genebra Jean Paul Bronckart, que divide o texto argumentativo
em premissa, argumento, contra-argumento e finalização. Esse foi o tema de sua
tese de mestrado Relatório de avaliação na Educação Infantil: um estudo sobre a
linguagem argumentativa. “Na linguagem do
relatório de avaliação utilizamos recursos linguísticos com a função de
persuadir nossos destinatários e convencê-los do processo de aprendizagem em
andamento”, conclui.
Para o sucesso do relatório
★ Importante! O
relatório deve conter tanto as dificuldades dos alunos quanto seus avanços,
além, claro, das intervenções do professor.
★ Ao redigir o relatório, tenha o
anterior em mãos
para saber quais foram os avanços obtidos e as dificuldades que permaneceram.
★ Antes de ser
entregue aos pais, o relatório deve passar pela coordenação da escola, que
fará
sugestões.
★ Permita que
professores auxiliares e estagiários leiam o relatório, pois eles
podem se lembrar de alguma informação importante que ficou de fora.
★ Anexe fotos ou
fita de vídeo
com atividades realizadas na escola e/ou o portfólio do aluno, com
suas produções artísticas.
★ Cristina Colasanto
destaca a importância
de dar voz às
crianças
para que a avaliação não
seja unilateral. “Alunos de 4 e 5 anos já conseguem avaliar as
atividades e dizer do que mais gostaram, do que menos gostaram e o que mudariam”, diz a pedagoga.
★ Junto com o
relatório, envie uma ficha na qual os pais podem fazer comentários e enviá-los
de volta para o professor.
Relatório e portfólio de mãos
dadas:
Além dos relatórios, as escolas costumam preparar portfólios com fotos,
atividades artísticas e anotações de frases ditas pela criança em diferentes
ocasiões, como forma de mostrar à família o que ela tem produzido.
Diferentemente do relatório, que é um documento formal (seja ele escrito à mão
ou digitado), os portfólios são coloridos e criativos, entregues, geralmente,
em pastas decoradas.
Incentivo!
Se sentir dificuldades em escrever lembre-se que a melhor forma de
aprimorar a escrita é escrevendo. Portanto, pegue caneta e papel (ou o
computador, se preferir) e mãos à obra.
*Cristina
Aparecida Colasanto é autora do livro Relatório de Avaliação na Educação
Infantil (Editora All Print). *
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