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sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Avaliação na Educação Infantil



Objetivos:

Orientar o professor na produção de relatórios que avaliam os alunos
Sanar dúvidas sobre o processo de avaliação na Educação Infantil

Avaliar crianças da Educação Infantil é uma das tarefas mais importantes e desafiadoras do trabalho docente, pois, como estão em fase de desenvolvimento, as dificuldades, os erros e os avanços não podem ser apontados de maneira superficial. Sem contar o interesse dos pais, preocupados em acompanhar os filhos no início de sua vida escolar. E foi para melhor avaliar os pequenos que as escolas criaram os relatórios, que contam em detalhes como se deu o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno durante determinado período, que pode ser um bimestre ou semestre. Esses relatórios podem ser batizados com nomes diversos: análise descritiva, relatório descritivo, registro de desenvolvimento do aluno, entre outros, dependendo de onde ele é feito. A forma de observar os alunos e fazer os registros também pode variar. Mas a opinião dos educadores sobre os resultados desse tipo de avaliação parece ser unânime: é eficiente! “O relatório é uma boa forma de acompanhar o desenvolvimento de cada aluno e de os pais perceberem que a escola está atenta ao filho dele”, diz Cláudia Cafarella, coordenadora geral do Centro Educacional Objetivo Baixada Santista, onde o relatório descritivo é aplicado até o 5º ano do Ensino Fundamental I. Mas esse tipo de relatório é muito mais do que uma forma de avaliação, é um instrumento reflexivo, como define Cristina Aparecida Colasanto*, pedagoga e professora da rede municipal de São Paulo. “Esse instrumento funciona como elemento a favor de quem aprende e de quem ensina e é um elo comunicativo entre a escola e a família”.
Leia mais a seguir.

Está nos Referenciais: De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCN) “a observação das formas de expressão das crianças, de suas capacidades de concentração e envolvimento nas atividades, de satisfação com sua própria produção e com suas pequenas conquistas é um instrumento de acompanhamento do trabalho que poderá ajudar na avaliação e no replanejamento da ação educativa. No que se refere à avaliação formativa, deve-se ter em conta que não se trata de avaliar a criança, mas sim as situações de aprendizagem que foram oferecidas”.

Observação e registro: O sucesso de um relatório depende da observação e do registro feitos pelo professor diariamente em sala, no parque e em passeios. Mas não é fácil fazer anotações a respeito de cada aluno, quando se tem uma sala com cerca de 20 crianças. Para isso é preciso criar estratégias, como dividir a turma em grupos de quatro ou cinco crianças e a cada dia fazer registros de um grupo. Ao final da semana, você terá anotações sobre todos. Porém, se uma criança que não está no grupo que você vai registrar naquele dia fizer algo que mereça registro, não deixe de fazê-lo. “O professor deve estar atento e em constante contato com as crianças”, alerta Silvia Vinocur Kocinas, coordenadora da Educação Infantil do Colégio I.L. Peretz, em São Paulo.

O que observar

O professor deve fazer uma observação crítica do desenvolvimento psicomotor, cognitivo, afetivo e social de cada aluno. Alguns quesitos são básicos:

Como a criança interage com os colegas e com o professor
Os conhecimentos que adquiriu
As dificuldades e as habilidades
Como participa das atividades

Como registrar
Ter um caderno sempre em mãos é essencial.
Divida o caderno por aluno, reservando algumas páginas para cada um.
Durante as atividades, sempre que observar algo interessante anote no caderno. Pode ser apenas uma palavra-chave, por exemplo, “contou até dez”. – Ao final da aula, redija as informações com mais detalhes. Anote a data.

Periodicidade

Em algumas escolas, como no I.L. Peretz, o relatório é semestral. Em outras, como no Objetivo, é bimestral. Claudia Cafarella explica que no Objetivo os bimestres são chamados de períodos didáticos e que no primeiro período ainda não é possível avaliar cada criança individualmente, por isso o relatório analisa a sociabilização e a adaptação da classe como um todo. Somente a partir do segundo período, a avaliação passa a ser individual. Os relatórios são entregues nas reuniões de pais.

Linguagem

O primeiro passo para a redação de um bom relatório é conhecer o interlocutor, no caso os pais. Não use termos pedagógicos que dificultem o entendimento das informações.

Seja claro e objetivo. O relatório não precisa ser longo, desde que contenha todas as informações relevantes para os pais.
Escolha bem as palavras. Em vez de dizer que João é egoísta”, diga “ainda não consegue compartilhar os brinquedos”. Troque a palavra dificuldade por “necessita de auxílio para”, e em vez de “Fulano sente-se de tal forma”, diga “Fulano se mostra de tal forma”.
Não classifique e não rotule a criança.
Evite ideias vagas. Por exemplo, em vez de dizer apenas “Maria é sociável”, descreva com detalhes “Maria é sociável porque no dia tal cedeu o seu balanço ao colega”.
Tome cuidado com erros de português e utilize a nova ortografia.

Descrição ou argumentação?

Os relatórios costumam ser descritivos, como seu próprio nome diz, contudo Cristina Colasanto, que é mestre em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) incentiva o uso do gênero argumentativo, considerando a teoria do professor da Universidade de Genebra Jean Paul Bronckart, que divide o texto argumentativo em premissa, argumento, contra-argumento e finalização. Esse foi o tema de sua tese de mestrado Relatório de avaliação na Educação Infantil: um estudo sobre a linguagem argumentativa. “Na linguagem do relatório de avaliação utilizamos recursos linguísticos com a função de persuadir nossos destinatários e convencê-los do processo de aprendizagem em andamento”, conclui.


Para o sucesso do relatório

Importante! O relatório deve conter tanto as dificuldades dos alunos quanto seus avanços, além, claro, das intervenções do professor.
Ao redigir o relatório, tenha o anterior em mãos para saber quais foram os avanços obtidos e as dificuldades que permaneceram.
Antes de ser entregue aos pais, o relatório deve passar pela coordenação da escola, que fará sugestões.
Permita que professores auxiliares e estagiários leiam o relatório, pois eles podem se lembrar de alguma informação importante que ficou de fora.
Anexe fotos ou fita de vídeo com atividades realizadas na escola e/ou o portfólio do aluno, com suas produções artísticas.
Cristina Colasanto destaca a importância de dar voz às crianças para que a avaliação não seja unilateral. Alunos de 4 e 5 anos já conseguem avaliar as atividades e dizer do que mais gostaram, do que menos gostaram e o que mudariam, diz a pedagoga.
Junto com o relatório, envie uma ficha na qual os pais podem fazer comentários e enviá-los de volta para o professor.

Relatório e portfólio de mãos dadas:

Além dos relatórios, as escolas costumam preparar portfólios com fotos, atividades artísticas e anotações de frases ditas pela criança em diferentes ocasiões, como forma de mostrar à família o que ela tem produzido. Diferentemente do relatório, que é um documento formal (seja ele escrito à mão ou digitado), os portfólios são coloridos e criativos, entregues, geralmente, em pastas decoradas.

Incentivo!

Se sentir dificuldades em escrever lembre-se que a melhor forma de aprimorar a escrita é escrevendo. Portanto, pegue caneta e papel (ou o computador, se preferir) e mãos à obra.


*Cristina Aparecida Colasanto é autora do livro Relatório de Avaliação na Educação Infantil (Editora All Print). *

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