O famoso autor e psiquiatra Augusto Cury deu uma entrevista à revista
Cláudia, sobre a educação das crianças. Confira:
Esta entrevista com Augusto Cury deveria ser lida por todos os pais
Nunca tivemos uma geração tão triste, tão depressiva. Precisamos ensinar
nossas crianças a fazerem pausas e contemplar o belo. Essa geração precisa de
muito para sentir prazer: viciamos nossos filhos e alunos a receber muitos
estímulos para sentir migalhas de prazer. O resultado: são intolerantes e
superficiais. O índice de suicídio tem aumentado. A família precisa se lembrar
de que o consumo não faz ninguém feliz. Suplico aos pais: os adolescentes
precisam ser estimulados a se aventurar, a ter contato com a natureza, se
encantar com astronomia, com os estímulos lentos, estáveis e profundos da
natureza que não são rápidos como as redes sociais.
Pais precisam criar intimidade com os filhos
Pais que não cruzam seu mundo com o dos filhos e só atuam como manuais
de regras estão aptos a lidar com máquinas. É preciso criar uma intimidade real
com os pequenos, uma empatia verdadeira. A família não pode só criticar
comportamentos, apontar falhas. A emoção deve ser transmitida na relação. Os
pais devem ser os melhores brinquedos dos seus filhos. A nutrição emocional é
importante mesmo que não se tenha tempo, o tempo precisa ser qualitativo.
Quinze minutos na semana podem valer por um ano. Pais têm que ser mestres da
vida dos filhos. As escolas também precisam mudar. São muito cartesianas, ensinam
raciocínio e pensamento lógico, mas se esquecem das habilidades socioemocionais.
Incentivar mais e
criticar menos
Em vez de apontar falhas, os pais devem promover os acertos. Todos os
dias, filhos e alunos têm pequenos acertos e atitudes inteligentes. Pais que só
criticam e educadores que só constrangem provocam timidez, insegurança,
dificuldade em empreender. Os educadores precisam ser carismáticos, promover os
seus educandos. Assim, o filho e o aluno vão ter o prazer de receber o elogio.
Isso não tem ocorrido. O ser humano tem apontado comportamentos errados e não
promovido características saudáveis.
Mais brincadeira,
menos informação
Criança tem que ter infância. Precisa brincar, e não ficar com uma
agenda pré-estabelecida o tempo todo, com aulas variadas. É importante que
criem brincadeiras, desenvolvendo a criatividade. Hoje, uma criança de sete
anos tem mais informação do que um imperador romano. São informações
desacompanhadas de conhecimento. Os pais podem e devem impor limites ao tempo
que os filhos passam em frente às telas. Sugiro duas horas por dia. Se você não
colocar limite, eles vão desenvolver uma emoção viciante, precisando de cada
vez mais para sentir cada vez menos: vão deixar de refletir, se interiorizar,
brincar e contemplar o belo.
Conselho final para
os pais
Vejo pais que reclamam de tudo e de todos, não sabem ouvir não, não
sabem trabalhar as perdas. São adultos, mas com idade emocional não
desenvolvida. Para atuar como verdadeiros mestres, pai e mãe precisam estar
equilibrados emocionalmente. Devem desligar o celular no fim de semana e ser
pais. Muitos são viciados em smartphones, não conseguem se desconectar. Como
vão ensinar os seus filhos e fazer pausas e contemplar a vida? Se os adultos
têm o que eu chamo de síndrome do pensamento acelerado, que é viver sem
conseguir aquietar e mente, como vão ajudar seus filhos a diminuírem a
ansiedade?
Fonte: Só Escola
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