Guilherme
Lima
Quando falamos em contos de
fadas, nos vêm logo à mente a ficção, a fantasia, os cenários distantes da
nossa realidade. Mas podemos aprender algo com esses contos? Quase tomamos por
simplesmente falso o ensino que se baseia na imaginação.
Nada mais enganoso do que este
raciocínio. A imaginação não é sempre nossa inimiga, apesar de poder sair do
controle algumas vezes, principalmente nas crianças. É através dela que, ao
contrário, aprendemos muitas coisas. Os inventores que o digam. Primeiro
imaginaram o objeto a ser inventado. Desenharam, calcularam e depois aquilo que
estava na mente tornou-se realidade.
Diz nos a estudiosa e
professora de Literatura Infantil Nelly Novaes:
“… o mundo dos contos de fadas ou
da literatura maravilhosa dos mitos, dos arquétipos e símbolos, que, surgindo
na origem dos tempos, transformou em linguagem as “mil faces” da Aventura
Humana e a eternizou no tempo”[1].
Os contos de fadas são
imemoriais, têm uma origem que se perde na história humana. E, por isso mesmo,
sua durabilidade mostra como foram úteis e se impregnaram de valores, juízos e
sabedoria propriamente humanas.
A lição de que não devemos
julgar as pessoas pela aparência física de A Bela e a Fera, de que não se deve
andar sozinho em uma floresta de Chapeuzinho Vermelho, ou a de que a
curiosidade pode ser perigosa, como se diz no Barba Azul, é muito útil para
ensinar as crianças. Tocadas pela história, podem imaginar como deveriam se
comportar numa situação semelhante.
Os temas dos contos de fadas
são, em geral, completos e satisfatórios para tratar aspectos reais da vida. O
psicólogo infantil Bruno Bettelheim completa: “Lidando com problemas humanos universais, particularmente os que
preocupam o pensamento da criança, essas histórias falam ao ego que desabrocha
e encorajam o seu desenvolvimento” [2].
A criança, construindo dentro
de si todo este “castelo” de possibilidades através da imaginação, estará ao
mesmo tempo criando os alicerces para a relação com os outros e consigo mesma,
lidando melhor com as contradições e problemas da vida cotidiana.
Referências:
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