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domingo, 28 de abril de 2019

Capelinha, capelinha - Iria Schnaider


por Iria Schnaider, em celebração ao 260º. Aniversário da Capela de São João Batista, em Penha do Itapocorói em 27 abr 2019.

Da Coroa Portuguesa, veio a permissão
E no Arraial desta Enseada, começou a construção
Itapocoroy não imaginava, tão bela visão
Tal feito seria comentado, com orgulho e emoção

Dos sonhos dos filhos desta terra, foste construída
Na argamassa: areia, cal e fé sem medida
Dos sorrisos nos rostos e dos calos nas mãos
Finalmente tu nascias, Capelinha de São João

Nesta terra de beleza notória
Há 260 anos, começava tua história,
Aqui, onde habitavam teus filhos nativos, os carijós
Chegaram Portugueses, espanhóis, franceses e todos nós

Tal qual noiva formosa, cheia de esplendor e encantos
A todos causavas suspiros, de admiração e espanto
Além das linhas retas, em estilo colonial,
Destacavam-se as obras sacras, de beleza sem igual

Linda e acolhedora, foste refúgio e proteção
Para o menino que orava inocente, sonhando ser pescador em Armação
Para a jovem que ansiava um amor verdadeiro,
A quem entregaria seu coração
Para a mãe ou esposa suplicante, que vinha aqui pedir proteção

Gerações de filhos desta terra
Acolheste em teu solo sagrado
Quantas histórias para sempre guardadas
Cobertas agora, pela poeira do passado

Como mãe amada, foste refúgio nas horas de dor,
A todos que aqui entraram, na busca da fé com ardor
Emprestaste serenidade, paz e aconchego
Acolhendo o que estava aflito, desesperado ou com medo

Capelinha, Capelinha
Que histórias guardas em teu coração?
Quem me dera ser adivinha, poder ler nas entrelinhas
A sabedoria depositada, nos poros de tua construção

Das juras de amor eterno que ali foram deixadas
Às lágrimas escondidas, que lavaram o teu chão,
Só tu sabes os segredos, dessa colcha trabalhada
Pelas mãos do destino, com retalhos de oração

Hoje, tão velhinha, maltratada pelo tempo
Tuas paredes desbotadas, não são mais que um lamento
Teu silêncio tão profundo, um pedido de socorro
Parece até que gritas: Ajuda-me ou morro!

Querida capelinha, por que olhas tanto o mar?
Sentes falta dos teus filhos, que de lá não hão de voltar?
É atenção e carinho, que buscas neste horizonte sem fim?
Se te sentes abandonada, Capelinha, capelinha
Ai de mim, Ai de mim

Iria Schnaider

 Vista externa da Capela São João Batista — em Capela São João Batista, Penha/SC

(Créditos de imagem: Wagner Luiz de Menezes).

Image Copyright: Romário João Bento — Capela 
São João Batista, Penha/SC

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