Por
Içami Tiba
Içami Tiba, em um dos seus livros, fala sobre a culpa que algumas mães
carregam injustamente. Abaixo segue um trecho selecionado.
“Se eu pudesse aliviar o mundo de um sofrimento, seria o de remover as
culpas indevidas que a maioria das mulheres carrega dentro de si, na função de
mãe.
Para qualquer problema comportamental apresentado por uma criança ou
adolescente, ou até mesmo por alguns adultos, há uma mãe se responsabilizando
por ele. Há, sem dúvida, responsabilidades de que as mães não podem se furtar
na educação dos filhos, mas uma boa parte da culpa é devida à cultura da época
e do local, e pode ser evitada.
Hoje a grande culpa indevida é a que a maioria das mães pensa/sente que
está “em falta” com os filhos quando trabalha fora. Essa culpa, que sabota a
felicidade familiar, deve-se ao pensamento de que ela deveria se dedicar mais
aos filhos.
Algumas mães podem ter a opção de não trabalhar e permanecer mais tempo
com os filhos. Mas estes não precisam delas o tempo todo e, se precisarem, é
porque já existe uma dinâmica de comportamentos problemáticos: o sufocado
produz e sustenta um folgado. Ou seja: embaixo de um sufocado (mãe) tem sempre
um ou vários folgados (filhos e às vezes também outros adultos).
Enquanto a mãe não resolver essa equação, ficará cada vez mais sufocada,
e os filhos, cada vez mais folgados, malcriados e tiranos. Essa sufocada mãe
vai achar que 24 horas por dia são insuficientes para atender a tantos folgados
e… lá vem a culpa indevida!
A sufocada vai se sufocando porque quer deixar todos os filhos
satisfeitos somente quando aprenderem a cuidar de si e dos seus pertences e
ajudar os conviventes necessitados. Essa prática entra em conflito com outro
pensamento: é obrigação da mãe fazer sempre tudo e mais alguma coisa para os
filhos.
Quem foi que estabeleceu essa lei? Quem ensinou a mãe a ser sufocada?
Vem da época do machismo, quando surgiu a figura da “boa mãe”, que todas as
mulheres buscavam e buscam ser, cujo resultado final é perpetuar os filhos no
folgado e inadequado machismo.
A boa mãe ensina o filho a fazer o que é capaz e cobra. Cobrança,
estabelecimento de limites, responsabilidade que gera liberdade, ética para ser
bem tratada, mesmo estando ausente, perde quem não cuida do que tem, prazos
existes para serem cumpridos, necessidades têm que ser satisfeitas e vontades,
quando puder, são costumes que devem ser adotados em casa, para que a mãe tenha
prazer e paz ao voltar para o “lar, doce lar”…
Fonte:
Provocações Filosóficas
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