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segunda-feira, 23 de abril de 2018

Curta-metragem: Coco


A pele não sofre de Alzheimer, ela sempre se lembra
de uma carícia ou uma cicatriz


Há um tipo de equívoco generalizado: pessoas com Alzheimer ou outros tipos de demência tendem a se desconectar do mundo externo presente para entrar em seu mundo interior distante e irreal. Isso não é verdade. No entanto, quando pensamos que a pessoa que sofre da doença de Alzheimer já não é a pessoa que deveria ser, eles acabam perdendo sua identidade em face da sociedade e seus sentimentos quase automaticamente perdem seu valor.

Se nos colocarmos no lugar da pessoa com demência, perceberemos que é normal ter medo da insistência dos outros, não saber expressar o que precisa ou o que está sentindo, não entender o que os outros dizem nem reconhecer as pessoas que se aproximam, tampouco saber ou lembrar-se dos nomes das coisas.

Nós raramente nos colocamos no lugar das pessoas com Alzheimer. No entanto, se o fizéssemos, perceberíamos que isso diariamente pode parecer aterrorizante e desconcertante. Nós entenderíamos ansiedade ou outras reações emocionais que parecem desproporcionais à nossa visão “saudável” do mundo.

O método de validação, uma terapia centrada na pessoa

Na última década, os modelos de atenção e comunicação centrados no indivíduo ressurgiram. Esses modelos terapêuticos e de relacionamento consideram muito importante que as pessoas ao redor do paciente de Alzheimer sejam estimulantes e abertas.

Em outras palavras, devemos procurar ter empatia com a pessoa com demência, manter sua identidade e gerar uma atitude abrangente diante dessas “alterações comportamentais” que desconcertam e causam tanto mal-estar nos cuidadores e familiares.

Os autores que promovem esse modelo de atenção enfatizam a necessidade de preservar o princípio da dignidade de cada pessoa. Portanto, é necessário usar a empatia para estar em sintonia com a realidade interna das pessoas afetadas pela demência.

O objetivo é ser capaz de proporcionar segurança e força, fazendo com que a pessoa se sinta “validada” e expresse seus sentimentos. Pois somente quando uma pessoa pode se expressar novamente, sua dignidade é restaurada.

Por quê? Porque validar significa reconhecer os sentimentos da pessoa. Validar é dizer a ela que seus sentimentos estão certos. Ao negar sentimentos, negamos o indivíduo, cancelamos sua identidade e, como resultado, criamos uma enorme lacuna emocional.

Princípios básicos do método de validação

Os princípios básicos do método de validação são:

• Aceite a pessoa sem julgar (Carl Rogers)

• Trate a pessoa como um indivíduo único (Abraham Maslow)

• Os sentimentos expressos pela primeira vez e depois reconhecidos e validados por um interlocutor confiável perderão intensidade. Quando ignorados ou negados, os sentimentos se tornam mais fortes. “Um gato ignorado se transforma em tigre” (Carl Jung)

• Todos os seres humanos são preciosos, independentemente do estado de desorientação em que se encontram (Naomi Feil)

• Quando a memória recente falha, recupere o equilíbrio restaurando memórias antigas. Quando a visão falhar, vamos usar o olho do espírito para poder ver. Quando a audição vai embora, vamos ouvir os sons do passado (Wiler Penfield)

Pessoas com Alzheimer ou outra demência precisam de uma reconexão com o mundo

O mais recente filme da Disney-Pixar, Coco, nos mostra de uma forma muito emocional como podemos nos reconectar com as pessoas com Alzheimer, como podemos acessar sua pele, seus sentimentos mais profundos. Ele nos mostra com “Don’t forget me”, uma música que, sem dúvida, dá um sabor terno ao afeto emocional que ela causa.


O fato de a pessoa perder a capacidade de se expressar verbalmente não significa que ela não precise se expressar. É, portanto, essencial adaptar-se às necessidades das pessoas afetadas, conectar-se ao humor delas e se misturar umas com as outras.

Como Tomaino (2000) disse, “é sempre surpreendente ver uma pessoa que está completamente fora de contato com o presente por causa de uma doença como a de Alzheimer, voltar à vida quando ouvem uma música familiar”. A resposta da pessoa pode variar de uma mudança de posição a um movimento saltitante: do som à resposta verbal.
Normalmente, há uma resposta, uma interação.

Muitas vezes, essas respostas aparentemente delirantes podem dizer muito sobre a preservação de uma pessoa e como as histórias pessoais ainda podem estar perfeitamente presentes na memória.

Traduzido de Nos Pensées por Pensar Contemporâneo
Assista o Filme:



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