Adulteça,
se maternize e paternize! Para conquistar sua liberdade emocional, seja seu
próprio pai e sua própria mãe!
Autor
Roberto Debski
Reflitamos sobre essa fala atribuída a Osho (não consegui confirmação da
autoria, porém, é uma frase com total sentido):
“Um
nascimento foi dado a você por seus pais, o outro nascimento está esperando.
Ele tem de ser dado a você por você mesmo. Você tem que paternizar e maternizar
a si mesmo”. Osho
Osho foi um filósofo e místico indiano envolto em muitas controvérsias,
porém, aproveito e aprecio muitos de seus escritos e pensamentos.
Desconheço se teve contato com as constelações familiares, pois faleceu
em 1990, mas, como as verdades são sempre complementares e consonantes, essa
frase tem total sintonia com o que aprendemos na visão sistêmica, em relação às
funções parentais, materna e paterna.
Ambas são necessárias e fundamentais, e quando em desequilíbrio, podem
levar a criança a viver, até a fase adulta, em situação de carências e
adoecimento físico e emocional.
Os traumas infantis, os quais muitas vezes são reflexos sistêmicos de
traumas transgeracionais, epigenética e sistemicamente transmitidos, levam as
pessoas a repetirem padrões familiares e exercerem funções materna e paterna
doentias. As crianças e jovens, por amor e lealdade sistêmica, assumirão a dor
e a doença dos excluídos do sistema, carregando adiante essas disfunções e as
perpetuando em seus sistemas familiares até que alguém olhe mais profundamente,
através da alma, para essas dinâmicas e saia do padrão herdado, assumindo a má
consciência, tornando-se a ovelha negra da família.
Várias abordagens na psicologia teorizam a respeito desse tema, como por
exemplo a “Teoria do Apego” de Bowlby que nos fala sobre o “apego” (ou vínculo)
seguro (saudável) ou inseguro (não saudável).
Quando desenvolvemos uma relação e apego saudável, nosso modelo de
relacionamento ao crescer será funcional, mas, quando o apego é inseguro ou não
saudável, podemos sofrer as consequências que podem vir na forma de ansiedade,
depressão e doenças psíquicas, e buscaremos relações que supram essa
necessidade de vínculo quando adultos.
Atuaremos inconscientemente de maneira infantil com nossos amigos,
companheiros ou filhos, ansiando pela maternagem ou paternagem (vínculo ou
apego saudável), que nossos pais não podem nos dar, apesar deles terem feito o
seu melhor. Como não é possível que ninguém supra nossas carências infantis, as
relações se tornam problemáticas, exigentes, disfuncionais, triangulações
dramáticas, repetidas com outras pessoas.
O movimento saudável, conforme observamos nas Constelações Familiares,
para conquistarmos a cura sistêmica é: “meu
eu adulto agora acolhe e cuida da minha criança interior. Eu serei o pai e a
mãe da minha criança e darei a ela o que necessita daqui por diante”.
É disso que se trata nosso “segundo nascimento”, o que significa
necessitarmos “maternizar” e “paternizar” a nós mesmos. Não é tarefa fácil,
porém, olhando além dos nossos pais, para as gerações anteriores a eles, para
todo nosso sistema familiar de onde vem a Vida e a sua força, torna-se possível
aceitar tudo como é, o destino de todos, tomar nossos pais como são, e, enfim,
a vida como ela é e conforme nos coube, sem nada excluir, aceitando nosso
destino.
Quando nos “maternizamos” e “paternizamos”, a Vida pode chegar com
força, assumimos nossa missão, e “adultecemos”, com humildade e gratidão
ajudando a curar nosso sistema familiar, encaminhando-o a um lugar mais
próspero e saudável.
Olhamos interiormente e sentimos o Amor e a potência da Vida, percebemos
e interiorizamos as bênçãos e a autorização para seguir adiante, levando todos
conosco, em nosso coração.
Roberto
Debski
Médico
e psicólogo, facilitador em Constelações Sistêmicas
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