“Pra mim, o problema da felicidade é subordinada àquilo que chamo de “O
problema da poesia da vida” ou seja, a vida, a meu ver, é polarizada entre a
prosa- ou seja, as coisas que fazemos por obrigação, que não nos interessam,
para sobreviver e a poesia – o que nos faz florescer, o que nos faz amar,
comunicar. E é isso que é importante. Então, eu digo que o verdadeiro problema
não é a felicidade – é a questão que faço a mim -, porque a felicidade é algo
que depende de uma multiplicidade de condições, e eu diria mesmo que o que
causa a fragilidade é frágil, porque, por exemplo, no amor de uma pessoa, se
essa pessoa morre ou vai embora, cai-se da felicidade à infelicidade. Em outras
palavras, não se pode sonhar com uma felicidade contínua para a humanidade. É
impossível porque a felicidade, repito, depende de uma soma de condições.
Então, pelo outro lado, o que se pode dizer, pode se tentar favorecer tudo o
que permita a cada um viver poeticamente sua vida e, se você vive poeticamente
você encontra momentos de felicidades, momentos de êxtase, momento de alegria
e, na minha opinião, é isso.”
– Edgar Morin, “Edgar Morin – O caminho: para o futuro da humanidade”.
Fronteiras do Pensamento. 2011.
Edgar Morin – O caminho: para o futuro da humanidade
Edgar Morin, sociólogo francês, discute o que chama de
“crise geral da humanidade” em sua conferência ao Fronteiras do Pensamento
2011. Segundo Morin, a base para compreender a série de crises que estamos
vivendo é a ambiguidade da globalização: por um lado, se os problemas
contemporâneos agora são globais, por outro, as nações nunca antes foram tão
interligadas em uma mesma “comunidade de destino”.
De acordo com o sociólogo, para encontrar respostas
aos problemas atuais, é preciso abraçar o que ele considera o maior desafio
atual: globalizar e desglobalizar ao mesmo tempo.
Para estimular a possibilidade de coexistência destas
facetas aparentemente opostas, Edgar Morin passa por inúmeros campos da vida
contemporânea, analisando problemas e oportunidades e conclui: diante de tantas
incertezas, devem surgir novas apostas e estratégias que reconheçam os erros do
caminho e que tentem abordagens inovadoras em direção a um mundo não perfeito,
mas melhor.
Fronteiras do Pensamento | Produção Telos Cultural |
Conferência Edgar Morin | Edição Alexandre Fernandez | Finalização Marcelo
Allgayer | Tradução Francesco Settineri e Marina Waquil
Fonte: Fronteiras do Pensamento
Nenhum comentário:
Postar um comentário