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quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Reflexão: A vida não precisa ser só trabalhar, pagar contas e morrer!


Amanda Areias



Somos muito cobrados o tempo todo. O TEMPO TODO.





Tem que ir bem na prova, tem que passar de ano, tem que entrar numa faculdade boa, tem que fazer um curso renomado, arranjar um bom emprego, ter um bom currículo, ganhar mais que os seus amigos.



Eu, pessoalmente, nunca entendi essa pressão toda em arranjar um bom emprego aos 20 e tantos anos de idade. É ensinado que sucesso na vida é ter um cargo alto, numa empresa reconhecida, com vários subordinados. Crescemos acreditando fielmente nisso.



E daí, se você vai se tornar uma pessoa depressiva, mega competitiva e materialista? Se você tá ganhando dinheiro é isso que importa, né?



Não!



A vida não deveria ser só estudar, trabalhar, ganhar dinheiro e morrer.



Não nascemos neste mundo maravilhoso, cheio de lugar diferente, pessoas singulares, comidas exóticas, para viver num escritório, todos os dias das 9h às 18h.



Eu, por exemplo, me considero uma pessoa muito bem sucedida. Nunca trabalhei em multinacional, pedi demissão de todas as empresas em que entrei e nunca ganhei nenhum salário de dar inveja. Mas me considero muito melhor sucedida do que todos os meus amigos de terno e gravata que recebem mais de 5 salários mínimos por mês. Já pulei de paraquedas, dei aula de inglês para monges no interior da Índia, fui para países que a maioria das pessoas nunca nem ouviu falar, faço trabalho voluntário, mochilei completamente sozinha sem direção, morei em vários países, fui roubada e fiquei sem dinheiro nenhum em outro continente sem ninguém pra me ajudar. Isso não conta como experiência? Isso não deveria ser perguntado em entrevistas de emprego?



Vocês não são os currículos de vocês. Vocês não são as empresas multinacionais que trabalham. Vocês não são o salário que ganham. Vocês são o que vivem. As pessoas que vocês conhecem. Os livros que vocês lêem. Os lugares que vocês vão. As experiências que vocês têm.



Gente, vá trabalhar como garçonete, juntar dinheiro e viajar o mundo. Vá fazer trabalho voluntário. Escrever um livro, mesmo que não seja publicado. Lute por uma causa que você acredite, mesmo com o mundo inteiro te achando louca por isso (nessa eu sou profissional). Plante uma árvore, sei lá…



Louco é quem, aos 20 e tantos anos, está preso no trânsito indo trabalhar. Vendo as mesmas pessoas. De frente para o mesmo computador.



Essa busca toda por sucesso profissional é para que? Você realmente precisa de todo esse dinheiro que você está ganhando?



O que vai te acrescentar na vida uns zeros a mais na conta do banco?



Você se acha uma pessoa superior por ter estudado na GV, ou na Insper? Por trabalhar no Itaú?



E, a não ser que vocês tenham que ajudar financeiramente em casa, não digam que o problema é dinheiro. Como eu já falei em um outro texto, passei dois meses mochilando pela Ásia com o salário que eu ganhei em um ano de estágio. E ainda sobrou. Não precisamos de todos esses excessos que “achamos” que precisamos.



Chegamos aos 60 anos. Ricos. Morando nos Jardins. Com um apartamento de 300m². Com faxineira todos os dias para lavar nossa louça e estender nossas camas. Com o carro do ano. Com filhos nas aulas de inglês, alemão e espanhol. Achando que todo o nosso propósito na vida foi alcançado.



Mas chegamos infelizes. Depressivos.



Realização para mim não é dinheiro. Realização são histórias para contar. Realização é sentar num bar com amigos e beber uma breja gelada, sem me preocupar no trabalho que eu deixei de fazer hoje porque eu estava sobrecarregado e não sobrou tempo.



Corra atrás do que faz o coração vibrar. Somos muito novos para preocuparmos com aposentadoria e hipoteca. Caixão não tem gaveta, o que ganharem em vida não será levado depois que morrerem.



O que se leva dessa vida é a vida que se leva.



Sobre a autora:



Amanda Areias: Designer Gráfica por profissão, viajante por paixão e feminista por necessidade. Mochileira desde os 17 anos, hoje com 23. Sempre em busca de lugares, culturas e pessoas novas. Já morou no Chile, México, Alemanha e Dinamarca. ​​ Escreve pra incentivar – principalmente mulheres – a perderem o medo e se jogarem no desconhecido.

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