Machado de Assis (1839-1908) entrou para a história da língua
portuguesa— e também para a história pessoal de muitos de seus leitores —, mas
fez muito mais que isso. Na lista abaixo, a GALILEU conta histórias menos
conhecidas e nada banais da sua vida pessoal e profissional.
1. O avô de Machado de Assis foi
escravo em uma chácara no morro do
Livramento, no Rio de Janeiro, onde o escritor nasceu e foi batizado pela dona
da casa, Maria José de Mendonça Barroso. Aliás, foi lá que ele aprendeu a ler.
2. Machado foi responsável por
uma das primeiras traduções do conto O Corvo, de Edgar Allan Poe. O autor brasileiro falava francês — alguns
acreditam que ele aprendeu a língua com um padeiro — e também traduziu Os
Trabalhadores do Mar, de Victor Hugo.
3. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e ocupou
a cadeira 23 — na época, a primeira cadeira foi designada a José de Alencar.
Machado foi o primeiro presidente da instituição.
4. Foi apelidado pelos vizinhos
de “Bruxo do Cosme Velho”, pois teria queimado cartas em um caldeirão em sua
casa que ficava na Rua Cosme Velho. O apelido, entretanto, só pegou quando o
poeta Carlos Drummond de Andrade fez
o poema A um bruxo, com amor, que reverencia o escritor.
5. Em seu livro Anjo Rafael,
Machado de Assis previu a existência da doença
folie à deux antes de ela ser descrita. Isso porque na obra é contada a
história de uma filha que é “contagiada” pela loucura do pai, enlouquecendo
também. Anos depois da publicação, o mal foi descoberto por pesquisadores. Como
se não bastasse, o brasileiro também descobriu a cura para a doença: afastar a
pessoa saudável de quem tem o problema mental.
6. O autor era enxadrista e participou do primeiro
campeonato brasileiro do esporte mental, ficando em terceiro lugar. As peças
que utilizou estão expostas até hoje na Academia Brasileira de Letras.
7. Ele foi casado por 35 anos
com Carolina Machado, que era quatro
anos mais velha, mas não tiveram filhos. Alguns especialistas dizem que
Carolina era muito inteligente e ajudava na revisão dos textos. Com a morte da
mulher, Machado entrou em profunda depressão e escreveu para o amigo Joaquim
Nabuco: “Foi-se a melhor parte da minha vida, e aqui estou só no mundo”.
8. No prefácio da segunda edição
de sua obra Poesias Completas, publicada em 1902, a palavra "cegara"
foi substituída, na expressão “lhe cegara o juízo”, por um inusitado “cagara”.
Calma, a história é ainda pior. Entenda aqui por que a gafe foi ainda maior.
Diz a lenda que o próprio Machado teria participado de um mutirão para corrigir
os exemplares antes de chegarem ao público. O que se sabe é que alguns
escaparam e saíram com o erro.
9. Machado escreveu nove textos teatrais e foi crítico desta
forma de arte desde os 21 anos. Também trabalhou como jornalista e, no início
da juventude, vendeu doces feitos pela madrasta e engraxou sapatos. Alguns
especialistas acreditam que ele chegou a ser coroinha em uma igreja, mas não há
confirmações.
10. Em 1888, foi
condecorado pelo então imperador Dom
Pedro 2º com a Ordem da Rosa e, meses depois, foi indicado para fazer parte
da Secretaria da Agricultura. Anos depois, chegou a ocupar o cargo de
diretor-geral da viação da Secretaria da Indústria, Viação e Obras Públicas.
11. Era epilético e
apresentava sinais de gagueira, o que contribuiu para formação de sua personalidade insegura e reclusa. Além
disso, Machado de Assis, por ser mulato, enfrentou muito preconceito para
conseguir reconhecimento.
Fonte: Revista Galileu
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