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sábado, 20 de outubro de 2018

Filme: CONRACK, Educador por excelência

O mais importante no filme é exatamente o resultado obtido com os alunos. Não importando o quanto utópico ele possa ser. O filme nos mostra dezenas de caminhos a seguir na prática docente, sem haver a exigência de uma prática totalmente igual e, talvez, inatingível.



É importante analisar as ações pedagógicas, sociais e culturais no filme Conrack, produzido em 1974 com direção de Martin Ritt. Uma análise com foco nos três personagens principais: Pat Conroy (o professor, representado por Jon Voight), Sra. Scott (a diretora, representada por Madge Sinclair) e Sr. Skeffington (o superintendente, representado por Hume Cronyn). Além disso, também fazer uma abordagem em relação aos alunos da escola.



Pat Conroy é um professor branco que passou boa parte de sua vida como racista. Tem a oportunidade de redimir-se, ensinando crianças negras em uma ilha em que essa raça é a predominante. Em sua primeira aula, depara-se com alunos que não sabem absolutamente nada, que desenvolveram sua própria linguagem e cujos recursos pedagógicos utilizados até então eram baseados em castigos físicos e psicológicos:



Sete de meus alunos não conhecem o alfabeto, três crianças não sabem escrever o nome, dezoito crianças não sabem que estamos em guerra no sudeste da Ásia. Nunca ouviram falar em Ásia. Uma criança pensa que a terra é chata e dezoito concordam com ela. Cinco crianças não sabem a data do nascimento. Quatro não sabem contar até dez, os quatro mais velhos pensam que a guerra civil foi entre os alemães e japoneses. Nenhum deles sabe quem foi George Washington ou Sidney Poitier, nenhum, jamais foi ao cinema, nem subiu no morro, nem andou de ônibus, esses meninos não sabem de nada.



Dessa forma, Conroy desenvolve sua prática de ensino “revolucionário”, focando-se nas necessidades dos alunos, interpretadas por ele como a falta de oportunidades de participarem da cultura branca americana. Apesar de todo o esforço do professor, a pedagogia que ele desenvolve parte do ponto de vista branco, pois era um branco numa ilha da Carolina do Sul, ensinando cultura branca aos seus alunos.



Contudo, os tempos e espaços foram, sem dúvida, diferentes daqueles vivenciados sob a tutela da diretora negra, que, embora representasse o mesmo grupo de representação dos alunos e alunas como pertencente à mesma raça e, com os quais dividia o mesmo espaço cultural, fora colonizada pela cultura branca, e investida de um lugar de representação na comunidade branca, agia com seus alunos a partir desta política cultural, onde o negro precisava ser duro e saber enfrentar a vida como um ser inferior.



Outras experiências foram oportunizadas por Pat Conroy em outros espaços pedagógicos além dos escolares, ampliando assim o conceito de pedagogia. Quando ensinava na praia, na floresta, no chão da escola, na festa de Halloween, na viagem de barco, nas ruas de Beaufort, esse professor fazia deslocamentos no tempo e espaço, e sua tentativa era de inclusão dessas crianças na vida americana. Quando leva seus alunos e alunas a participar da festa de Halloween, ensina a nadar, convive com os habitantes da ilha e ensina a seus alunos e alunas a convivência na ilha, Pat Conroy produz deslocamentos de tempos e espaços escolares. A pedagogia do herói se caracteriza por esse desbravamento, por essa conquista de novos lugares, desse ultrapassar fronteiras, dessa luta e competição.



Em Conrack, o sistema é representado pelo superintendente Skeffington que, diferentemente da diretora, não é um simples alvo da colonização branca, mas é um branco impregnado pelo racismo e autoritarismo no sistema escolar: “Este é o meu latifúndio!”, diz ele em uma cena do filme.



E o sistema vence no final. Conroy é demitido e, por mais que seus esforços tenham sido extremamente produtivos e gratificantes, o próximo professor, quem sabe, não terá a mesma força de disposição que Conroy teve ao lidar com aqueles alunos que tanto precisavam da atenção que lhes foi dada.



Por isso, o mais importante é exatamente o resultado obtido com os alunos. Não importando o quanto utópico ele possa ser. O filme nos mostra dezenas e caminhos a seguir na prática docente, sem haver a exigência de uma prática totalmente igual e, TALVEZ, inatingível.



REFERÊNCIAS

FABRIS, Elí Terezinha Henn. As marcas culturais da Pedagogia do herói. In: 24ª Reunião Anual da Associação de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd): intelectuais, conhecimento e espaço público, 2001, Caxambu (MG). 24ª Reunião Anual da Associação de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd): intelectuais, conhecimento e espaço público.

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