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terça-feira, 9 de outubro de 2018

Fábula: Imitações


Caminhavam dois burros, um com uma carga de açúcar, outro com uma carga de esponjas.



Dizia o primeiro:

– Caminhemos com cuidado, porque a estrada é perigosa.



O outro arguiu:

– Onde está o perigo? Basta andarmos pelo rastro dos que hoje passaram por aqui.



– Nem sempre é assim. Onde passa um, pode não passar outro.



– Que burrice! Eu sei viver, gabo-me disso, e minha ciência toda se resume em só imitar o que os outros fazem.



– Nem sempre é assim, nem sempre é assim… continuou a filosofar o primeiro.



Nisto alcançaram o rio, cuja ponte caíra na véspera.



– E agora?



– Agora é passar a vau.



O burro de açúcar meteu-se na correnteza e, como a carga ia se dissolvendo ao contato da água, conseguiu sem dificuldade pôr pé na margem oposta.



O burro da esponja, fiel às suas ideias, pensou consigo:

– Se ele passou, passarei também – e lançou-se ao rio.



Mas sua carga, em vez de esvair-se como a do primeiro, cresceu de peso a tal ponto que o pobre tolo foi ao fundo.



Bem dizia eu! Não basta querer imitar, é preciso poder imitar – comentou o outro.



Autor desconhecido

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