Fantastic Captain – 2016
Ben, um pai que decidiu se isolar com seus seis filhos, uma vida idílica na floresta, ensinando a prática da caça e incentivando o hábito da leitura ativa, sempre questionadora, uma existência longe do consumismo e de dogmas religiosos e, por conseguinte, longe da cultura do medo e da culpa, campo fértil para que ele tente transmitir os valores que considera mais importantes, na tentativa de formar seres humanos melhores e mais conscientes de suas responsabilidades. Os filhos não são poupados de verdades duras, algo que choca um casal de parentes na mesa de jantar. Os filhos do casal, garotos mais velhos, imersos na engrenagem convencional da sociedade, não podem falar palavrão, comparecem à sala de aula e tiram as notas necessárias, porém, ao serem desafiados, acabam se mostrando menos preparados intelectualmente que a menina mais nova de Ben. O aprendizado autodidata os tornou fluentes em seis línguas, inclusive esperanto, os treinos de sobrevivência tornaram seus corpos resistentes. Ao optar por deixar o sistema, a família se tornou uma ameaça, um reflexo distorcido no espelho dos robotizados escravos. Qual a razão de manter um ritual vazio, reduzindo a despedida de seu ente querido à uma mecânica repetição de textos religiosos sem qualquer relação com a experiência de vida da falecida, que é invariavelmente tratada, ainda que com delicadeza, como mais um número na estatística por um padre que sequer a conheceu? Não seria melhor caminharmos seguros na estrada da lucidez, aceitando sem bengalas a brevidade da vida e aproveitando melhor cada precioso segundo?
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