Meninos
e meninas de todas as idades vêm apresentando problemas em seu desenvolvimento
cognitivo, afetivo e social simplesmente porque os adultos responsáveis por
elas parecem desconhecer as reais necessidades de um ser em processo de
formação, e encontram no uso dos eletrônicos um recurso para ajudá-los a
administrar o excesso de energia dos menores.
Brincar, brincar e brincar mais um pouco! Criança precisa brincar,
explorar o espaço ao seu redor, imaginar, fantasiar, criar, inventar. E nada
disso acontece de forma integral diante de uma tela de smartphone, tablet ou aparelho de TV.
E não adianta argumentar que o jogo x ou y, apresenta representações
tridimensionais, que estimulam o raciocínio e a capacidade de concentração.
Nada, absolutamente nada, substitui as experiências no mundo real. Crianças que
fazem uso de eletrônicos diariamente são privadas de oportunidades riquíssimas
que só as brincadeiras ao vivo podem proporcionar.
Meninos e meninas de todas as idades vêm apresentando problemas em seu
desenvolvimento cognitivo, afetivo e social simplesmente porque os adultos
responsáveis por elas parecem desconhecer as reais necessidades de um ser em
processo de formação, e encontram no uso dos eletrônicos um recurso para
ajudá-los a administrar o excesso de energia dos menores.
Crianças muito pequenas – bebês mesmo, com menos de dois anos – são
colocadas diante de aparelhos de TV, tablets
ou celulares para assistir “desenhos educativos”, com a justificativa de que há
outras tarefas e atividades que requerem a atenção de seus pais. Alguns adultos
chegam a afirmar que a criança adora esses programas.
No entanto, um estudo realizado pela Associação Americana de Pediatria,
esclarece que a distração via eletrônicos não é indicada para menores de dois
anos, em nenhuma hipótese, posto que é nessa fase que a criança desenvolve
habilidades sociais, motoras, de raciocínio e linguagem que só acontecem na
interação com estímulos do ambiente e na convivência com outros seres humanos.
Os Pediatras norte-americanos afirmam que 30% das crianças entre zero e
dois anos assistem TV, ou vídeos pela internet antes dos dois anos, e que essa
prática é realizada muitas vezes sem a presença dos pais. Esses estudiosos
alertam para o fato de que a qualidade das relações familiares é severamente
prejudicada pelo uso constante dos eletrônicos e chamam a atenção, ainda, para
o fato de que mesmo quando estão no mesmo espaço da casa, as pessoas se
comunicam menos se a TV estiver ligada. Isso sem mencionar o hábito dos adultos
de usar com frequência seus aparelhos celulares para checar mensagens ou
postagens nas redes sociais.
Uma outra prática muito comum – mas não menos danosa – é o uso de
aparelhos de DVD no carro para “entreter” os pequenos. O fato é que quanto
menos os adultos conversarem e interagirem com as crianças, menor será o
desenvolvimento da fala, dos recursos de raciocínio lógico, das habilidades
sociais, da criatividade e da empatia.
Os pais devem abrir mão do uso frequente dos eletrônicos em nome do
estabelecimento de vínculos com seus filhos em todas as oportunidades de
convivência, e uma dessas situações pode ser o caminho entre a casa e a escola,
um passeio ou viagem. Conversar com a criança sobre o entorno do trajeto,
cantar, fazer brincadeiras propondo que encontrem elementos na paisagem,
providenciar uma caixa de papelão com objetos lúdicos simples, contar uma
história. É claro que tudo isso envolve um planejamento, maior envolvimento e
mais trabalho. Mas o resultado compensa, sem nenhuma sombra de dúvida.
A Sociedade Brasileira de Pediatria estruturou uma cartilha de
orientação a pais, pediatras, educadores, crianças e adolescentes, contendo
cinquenta regras práticas para o uso da internet. O documento indica, por
exemplo, que crianças de 2 a 5 anos não devem ultrapassar o tempo de uma hora
diária no uso de eletrônicos; e que crianças até 10 anos não devem utilizar computadores
ou similares em seus quartos ou sem a supervisão de um adulto responsável.
Educadores, psicólogos infantis, pediatras e hebiatras do mundo todo têm
se mobilizado para levantar questões reflexivas acerca do contato de crianças e
adolescentes com o mundo virtual. E como tudo que envolve a educação dos
menores, esse é um assunto de grande relevância e que merece nossa atenção e
busca por informação para que possamos oferecer a eles as melhores condições de
desenvolvimento.
Uma boa observação pode revelar, por exemplo, que os excessos de
recursos tecnológicos provocam nas crianças dores musculares, alterações
posturais, dores de cabeça, alterações no sono, irritabilidade, sintomas de
ansiedade, agressividade e tendência ao isolamento.
É importante salientar que, se o estabelecimento de limites de tempo
para o uso dos eletrônicos por crianças e adolescentes é indispensável, também
é fundamental que se cuide da qualidade dos conteúdos acessados. Há muito lixo
virtual! Há uma enxurrada de youtubers
que fazem sucesso entre os pequenos e jovens, com vídeos absolutamente vazios
de valores e cheios de palavrões. Há uma infinidade de ídolos mirins que fazem
sucesso em canais virtuais, por meio de vídeos gravados por seus próprios pais,
expondo a rotina de seus filhos.
O fato é que uma vez estabelecido um hábito, fica muito mais difícil
reverter a situação e estabelecer regras. Os adultos precisam assumir sua
responsabilidade em relação ao seu papel de autoridade afetiva na regulação dos
comportamentos dos menores. Mais que tudo, os adultos são exemplos vivos de
atitudes. De nada adianta estabelecer regras para organizar e mediar a
utilização das mídias, se os próprios pais vivem abduzidos por uma tela
virtual. Como sempre, a regra de ouro é: coerência e bom senso!
Sobre
a autora: Ana Macarini
Ana Macarini é Psicopedagoga e
Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm
vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem
ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!
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