A leitura de boas obras literárias não se esgota na
possibilidade de vivermos momentos de prazer, através da “viagem” num enredo
bem tecido, que nos diverte. Nem na suspensão temporária daquilo que nos
entedia ou pesa em nossa “vida real”. Também não se restringe ao fato de nos
tornarmos mais informados e eruditos. Ler ficção pode nos enriquecer em muito
mais. As estórias imaginadas, de certo modo, provêm da realidade comum, mas
contêm elementos que eliminam sua banalidade. A vida nos aparece mais bem vestida
ou mais bem despida. Podemos experimentar belezas que, fora da experiência
literária, esquivam-se de nós. E trata-se de matéria verdadeira. Nada vã. É-nos
oferecida a oportunidade de dar novos sentidos ao mundo e a nós mesmos. A literatura ficcional cria enredos das mais
diversas naturezas. Quando lemos tomamos de empréstimo o olhar de um autor,
seus instrumentos intelectivos e afetivos. Interagimos com ele por meio de seu
texto. Adquirimos algo dele. Crescemos. Mudamos. Vivemos. Talvez nos tornemos mais
capazes de consonância com a complexidade do universo.
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