Idosos institucionalizados
O grande dilema
de toda família quando pensa em colocar seu idoso numa ILPI (Instituição de Longa
Permanência) é: "o que todos vão pensar de mim?" "Vão me achar
uma pessoa horrível, abandonando meu pai/mãe, num asilo!"
Essa ideia, ainda muito presente para a maioria das pessoas, vem do histórico do nosso país de abrigos, denominados asilos, onde eram recebidos idosos e também doentes psiquiátricos, sem a menor infraestrutura material e humana para tal. Acreditava - se que o velho já não precisava mais de tratamento, visto que sua morte era uma questão de tempo e os pacientes psiquiátricos eram vistos como irrecuperáveis!
Com o avanço da medicina diagnóstica e os tratamentos, além da própria mudança no entendimento da geriatria os conceitos foram mudando e atualmente temos clínicas geriátricas, altamente capacitadas para cuidar do Idoso em sua mais alta complexidade, principalmente quando as demências avançam e os cuidados redobram.
Claro que continuam existindo lugares terríveis! Sem mínimas condições de higiene e pessoas especializadas, onde os idosos são abandonados a própria sorte e morrem muitas vezes por doenças infecto contagiosas.
Porém não podemos generalizar, tem muita gente trabalhando sério, com amor e dedicação! Faço parte deste grupo! Sou diretora médica de 2 instituições, uma há 10 anos e tenho muita história pra contar.
Acreditem, abandona quem quer!
Institucionalizar às vezes é a única solução para os filhos únicos que já vivenciaram seus pais sendo maltratados por cuidadores, empregados domésticos ou por outros familiares que se dispuseram a cuidar! Vemos isso nos jornais todos os dias.
Não é a institucionalização em si, mas a forma como você a vivência!
Tenho familiares que visitam seus idosos todos os dias!
Tenho filhos que semanalmente levam suas mães para tomar o chá das cinco no Shopping, faça sol ou chuva! E ela não se lembra de nada horas depois!!! E daí?
Tenho filhos que nunca visitam!
Tenho filhos que não atendem nossas ligações...
Tenho filhos que esqueceram de lembrar que ainda têm pais...
Depois de tantos anos nesta estrada, aprendi a não julgar...
Acredito que cada um carrega sua história e suas razões, e quem sou eu para dizer o que está certo ou errado...
Mas acredito que ninguém merece ser abandonado...
O perdão é acima de tudo libertação! Talvez o outro nem mereça, mas a paz fica em quem perdoa...
Essa foi minha grande lição...
Por Dra. Roberta França
Medicina Geriátrica
Nenhum comentário:
Postar um comentário