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sábado, 6 de outubro de 2018

Leitura: Canoas, ventos e mares: Décimas


Resgate das décimas do cancioneiro ibero-português, muito usadas no Século XVI, por Camões, no além-mar. No litoral de Santa Catarina eram muito apreciadas, declamadas e também produzidas até 1950. Depois disso elas perderam-se ao esquecimento. Com esse tipo de composição literária, em dez versos por estrofes, foram resgatadas antigas histórias e causos dos habitantes do litoral de Santa Catarina, a maioria pescadores artesanais, e mais especificamente da região de Armação do Itapocoróy, Penha – comunidade com mais de trezentos anos. Grande parte delas, são histórias verídicas, mas há também os causos contados por pescadores, muito criativos. Consta no livro a famosa mentira de pescador, em cuja criação de patos que possuía, houve uma pata que chocou ovos de tartarugas e eclodindo, os filhotes acompanhavam a pata em seus passeios e atividades, a nado ou em terra, só não voavam.... Mas a principal história é real. Trata-se de grande tempestade enfrentada no mar por um capitão de longo curso de navio à vela, aposentado e velho, que estava a ensinar dois garotos na arte de marinha e pesca, quando foram surpreendidos por feroz tormenta em que o velho debilitado, já não mais dava conta do recado e um dos garotos toma o comando com bravura hercúlea, iça vela rota, restabelece estabilidade, leme e lastro, trazendo a canoa aos pedaços até o porto, cansado a ponto de quase desfalecer. O causo mais hilariante, é o de dois pescadores que por ocasião da pesca de tainha, compraram um garrafão de cachaça para vender a colegas destacados em praia deserta e que no caminho, dado o frio e como um deles tinha uma moeda no bolso, comprou do amigo uma dose do liquido ao que o outro depois veio a comprar a sua dose com a mesma moeda, consumindo, ambos, toda a aguardente no caminho. Linda história é a de um pescador que foi arrastado com embarcação, ao meio do oceano por forte vento oeste e um navio norueguês em travessia a seu continente, o levou até a Noruega, trazendo-o de volta meses depois. São muitas histórias de pescadores mentirosos; tesouros enterrados; de casos sobrenaturais; alcoólatras; curandeiro quase santo; de uma pombeira que vendia um falso pau afrodisíaco para chás e fazia a sua propaganda tirando versos na viola, referentes ao pau milagroso, em que cada verso é mais hilário que o outro – é muito engraçado. São dezessete histórias diferentes.

Fonte: http://www.editora.unisul.br/products.php?product=Canoas%252C-ventos-e-mares%253A-D%25E9cimas

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