Resgate das
décimas do cancioneiro ibero-português, muito usadas no Século XVI, por Camões,
no além-mar. No litoral de Santa Catarina eram muito apreciadas, declamadas e
também produzidas até 1950. Depois disso elas perderam-se ao esquecimento. Com
esse tipo de composição literária, em dez versos por estrofes, foram resgatadas
antigas histórias e causos dos habitantes do litoral de Santa Catarina, a
maioria pescadores artesanais, e mais especificamente da região de Armação do Itapocoróy,
Penha – comunidade com mais de trezentos anos. Grande parte delas, são
histórias verídicas, mas há também os causos contados por pescadores, muito
criativos. Consta no livro a famosa mentira de pescador, em cuja criação de
patos que possuía, houve uma pata que chocou ovos de tartarugas e eclodindo, os
filhotes acompanhavam a pata em seus passeios e atividades, a nado ou em terra,
só não voavam.... Mas a principal história é real. Trata-se de grande
tempestade enfrentada no mar por um capitão de longo curso de navio à vela,
aposentado e velho, que estava a ensinar dois garotos na arte de marinha e
pesca, quando foram surpreendidos por feroz tormenta em que o velho debilitado,
já não mais dava conta do recado e um dos garotos toma o comando com bravura
hercúlea, iça vela rota, restabelece estabilidade, leme e lastro, trazendo a
canoa aos pedaços até o porto, cansado a ponto de quase desfalecer. O causo
mais hilariante, é o de dois pescadores que por ocasião da pesca de tainha,
compraram um garrafão de cachaça para vender a colegas destacados em praia
deserta e que no caminho, dado o frio e como um deles tinha uma moeda no bolso,
comprou do amigo uma dose do liquido ao que o outro depois veio a comprar a sua
dose com a mesma moeda, consumindo, ambos, toda a aguardente no caminho. Linda
história é a de um pescador que foi arrastado com embarcação, ao meio do oceano
por forte vento oeste e um navio norueguês em travessia a seu continente, o
levou até a Noruega, trazendo-o de volta meses depois. São muitas histórias de
pescadores mentirosos; tesouros enterrados; de casos sobrenaturais;
alcoólatras; curandeiro quase santo; de uma pombeira que vendia um falso pau
afrodisíaco para chás e fazia a sua propaganda tirando versos na viola,
referentes ao pau milagroso, em que cada verso é mais hilário que o outro – é
muito engraçado. São dezessete histórias diferentes.
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