CONTEXTO HISTÓRICO
O Humanismo foi um movimento filosófico surgido dentro das
transformações culturais, políticas, sociais, religiosas e econômicas, em que o
homem é considerado como o centro do universo. Enquanto no Trovadorismo Deus
era o centro de tudo (teocentrismo), no Humanismo o homem passa a ser o centro
de interesse da cultura (antropocentrismo). Ou seja, o Homem era capaz de
refletir e discernir seus caminhos, cultivar terras, possuir comércios e criar
suas próprias políticas de convívio.
Assim, com a invenção da imprensa, as grandes navegações, a crise do
sistema feudal (início do mercantilismo) e o aparecimento de nova classe social
(burguesia), surge uma nova visão do ser humano, questionando os velhos valores
num impasse desenvolvido entre a fé a razão.
Nascido na Itália no século XV, o Humanismo rapidamente difundiu-se pela
Europa durante o século XVI, em diversos campos do conhecimento e das artes:
literatura, escultura, artes plásticas, etc.
Os humanistas representavam os estudiosos da cultura antiga, que se
dedicavam aos estudos dos textos da antiguidade clássica greco-romana.
CARACTERÍSTICAS DO HUMANISMO
• Racionalidade (capacidade de exercer a própria razão);
• Antropocentrismo (o homem no centro do universo);
• Cientificismo (explorar a realidade é adotando o
método científico);
• Modelo Clássico (ordem - clareza - medida -
equilíbrio - decoro - harmonia e bom gosto);
• Valorização do ser humano e das emoções (emoções
humanas começaram a ser mais valorizadas pelos artistas);
• Busca da beleza e perfeição (acreditar que existe
uma solução perfeita para todos os problemas e, além disso, acreditar que essa
é a forma que deve ser buscada);
• Surgimento da burguesia (classe social que surgiu
nos últimos séculos da Idade Média, por volta do século XII e XIII, com o
renascimento comercial e urbano. Dedicava-se ao comércio de mercadorias
(roupas, especiarias, joias, etc.) e prestação de serviços (atividades
financeiras)).
PRINCIPAIS AUTORES HUMANISTAS
Fernão Lopes (1380 – 1460)
Expressando-se em um estilo elegante, elaborado, mas sóbrio, sem
maneirismos ou afetações, Fernão Lopes é também o primeiro prosador português
de quem se pode dizer que o estilo identifica o homem. As marcas dessa
individualização revelam-se: na expressão vibrante e arrebatadora, próxima da
epopeia; na plasticidade das descrições, que permitem uma visualização
palpitante das cenas; na capacidade de prender a atenção do leitor em um
suspense contínuo, com ações simultâneas, cortes abruptos na narrativa,
digressões; na habilidade dos diálogos que conferem dramaticidade às ações e
revelam qualidades teatrais; na densidade dos retratos psicológicos das
personagens presentes na imaginação do leitor os vultos históricos do passado;
na combinação de feitos individuais e de movimentos de massa na mesma unidade
de ação, fazendo convergir acontecimentos múltiplos para um desfecho; no ardor
polêmico em que se alternam o tom colérico, indignado e o tom irônico,
depreciativo; tudo isso revestido de uma linguagem sóbria, cuidada, às vezes
próxima do coloquial.
Obras
São atribuídas a Fernão Lopes as seguintes crônicas: Crônicas de D. Pedro; Crônica de D. Fernão; Crônica de D. João I (1ª e 2ª partes).
As suas crônicas transbordam de visualidade, realismo descritivo e
dramatização, que a par de uma simplicidade linguística a todos atrai. Embora a
sua obra não seja extensa a Crônica de D. João I é considerada uma obra-prima.
Gil Vicente (1465?-1536?)
Dramaturgo e poeta lírico português, que, desde inícios do século XVI,
se encontrava na corte, onde organizava festas e comemorações de acontecimentos
importantes (como nascimentos ou esponsais). Escreveu 44 peças (vários gêneros).
→ Sua obra circulava, em parte, através de folhetos
impressos, em literatura de cordel, datando a primeira compilação das suas
peças de 1562.
→ Teve alguns dos títulos proibidos ou expurgados pela
censura inquisitorial.
→ A divisão das peças de Gil Vicente em gêneros não é
pacífica nem estanque, mas, com intuito didático, pode-se fazer a seguinte
classificação:
• autos: de moralidade, como o Auto da Alma e a Trilogia das Barcas, cavalheirescos e pastoris;
• farsas: com destaque para a Farsa de Inês Pereira;
• alegorias: de temas profanos: como o Auto da Índia.
→ O teatro vicentino é um teatro de sátiras e de
ideias.
→ Seus personagens representam tipos humanos e
sociais:
• o clero, devasso e descuidado do cumprimento dos
seus deveres religiosos: Auto da
Barca do Inferno, Auto da Barca da
Glória;
• a nobreza: Auto da Barca do Inferno;
• o povo: Auto
da Feira.
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