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quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Literatura - Pré-Modernismo no Brasil



O que foi o Movimento Pré-Modernismo

O Pré-Modernismo foi um período da literatura brasileira, que teve seu desenvolvimento nas décadas de 1910 e 1920. Muitos estudiosos da literatura brasileira afirmam que foi um período de transição entre o simbolismo e o modernismo.

Contexto histórico

O Pré-Modernismo brasileiro situa-se no contexto histórico da consolidação da República.

Caracteriza-se pelas produções desde início do século até a Semana de Arte Moderna, em 1922. A expectativa de um novo Brasil, mais justo e moderno, com o advento do regime republicano foi frustrada. No novo regime, as desigualdades continuaram, a oligarquia se manteve no poder, a participação política ficou restrita às elites e os conflitos sociais (exemplos: Guerra da Vacina, Guerra do Contestado, Cangaço e Revolta da Chibata) pipocaram pelo Brasil. Foi este contexto que influenciou a produção literária das duas primeiras décadas do século XX.

A desigualdade social culminou em diversos movimentos sociais pelo Brasil, como a Revolta de Canudos, ocorrida no final do século XIX no sertão da Bahia, sob liderança de Antônio Conselheiro, dentre outros movimentos de protesto às condições de vida no Nordeste. Além disso, ocorreu também os movimentos protestantes no meio urbano, como a Revolta da Chibata, em 1910, contra o maltrato da Marinha à corporação e também as greves de operários.

No começo do século XX começa a surgir os primeiros indícios da crise cafeeira com a superprodução de café, a chamada crise da “República Café-com-Leite”.

É em meio a este quadro na sociedade brasileira que começa no Brasil uma nova produção literária, intitulada de Pré-Modernismo pelo crítico literário Tristão de Ataíde. Trata-se das obras literárias de um grupo de escritores que propunham as mesmas temáticas e formas, as que seriam enquadradas no futuro movimento literário: o Modernismo.

Principais características do Pré-Modernismo no Brasil

- Abordagem de problemas sociais brasileiros (desigualdade, conflitos, pobreza e exclusão social e política). Estes temas serão retratados, principalmente, nas obras de dois importantes escritores do período: Lima Barreto e Euclides da Cunha.

- Regionalismo: valorização de aspectos culturais de regiões do Brasil.

- Estética literária marcada por valores do Naturalismo.

- Mistura de estilos literários de escolas anteriores.

- Surgimento, em alguns escritores (Lima Barreto, por exemplo) do uso da linguagem coloquial.

- Surgimento, embora o conservadorismo ainda se faça presente, de inovações técnicas na forma de expressão literária.

* importante: por não se tratar de uma escola literária, mas sim um período de transição, as características acima não estão presentes nas obras de todos os escritores pré-modernistas. Cada escritor possui seu próprio estilo e suas próprias temáticas de destaque.

Principais escritores pré-modernistas e suas obras

- Lima Barreto (prosa) – escritor carioca, autor de Triste Fim de Policarpo Quaresma.


Afonso Henriques de Lima Barreto, conhecido como Lima Barreto, foi um escritor e jornalista brasileiro. Autor de uma obra critica veiculada aos temas sociais, o escritor rompe com o nacionalista ufanista e faz criticas ao positivismo.
“Triste Fim de Policarpo Quaresma” escrito numa linguagem coloquial. Nela o autor faz crítica à sociedade urbana da época.

- Monteiro Lobato (prosa) – escritor paulista, autor de Cidades Mortas e Urupês.


José Bento Renato Monteiro Lobato foi um escritor, editor, ensaísta e tradutor brasileiro. Um dos mais influentes escritores do século XX, Monteiro Lobato ficou muito conhecido por suas obras infantis de caráter educativo, como por exemplo, a sério de livros do Sítio do Picapau Amarelo.
Em 1918 publica “Urupês” uma coletânea regionalista de contos e crônicas. Já em 1919 publica “Cidades Mortas” livro de contos que retrata a queda do Ciclo do Café.

- Graça Aranha (prosa) – escritor maranhense, autor de Canaã.


José Pereira da Graça Aranha foi um escritor e diplomata maranhense. Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e um dos organizadores da Semana de Arte Moderna de 1922.
“Canaã” publicada em 1902. A obra aborda a migração alemã no estado do Espírito Santo. Outras obras que merecem destaque: Malazarte (1914), A Estética da Vida (1921) e Espírito Moderno (1925).

- Euclides da Cunha (prosa) – escritor carioca cuja principal obra foi Os sertões.


Euclides Rodrigues da Cunha foi um escritor, poeta, ensaísta, jornalista, historiador, sociólogo, geógrafo, poeta e engenheiro brasileiro. Ocupou a cadeira 7 na Academia Brasileira de Letras de 1903 a 1906.
“Os Sertões: Campanha de Canudos” em 1902, a qual é dividida em três partes: A Terra, o Homem, A Luta. A obra regionalista retrata a vida do sertanejo. Publicou também a Guerra de Canudos (1896-1897) no interior da Bahia.

- João Simões Lopes Neto (prosa) – escritor gaúcho, autor de Contos Gauchescos e Lendas do Sul.


João Simões Lopes Neto só alcançou a glória literária postumamente, após o lançamento da edição crítica de Contos Gauchescos e Lendas do Sul, em 1949.  Desde a sua morte em 1916 até essa segunda edição de suas obras mais importantes podemos contar 37 anos em que Simões Lopes Neto permaneceu no anonimato, desconhecido do grande público.
“Contos gauchescos” 19 contos ambientados no pampa gaúcho e mais um conjunto de adágios (ditados), “artigos de fé do gaúcho”; traz uma linguagem regionalizada, mas sem romper com a norma culta própria da tradição literária

- Augusto dos Anjos (poesia) – poeta paraibano, autor da obra Eu.


Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos teve o primeiro contato com as letras através do pai, começando a escrever logo aos sete anos de idade. Cursou direito, formou-se em 1907 mas não chegou a atuar como advogado, dava aulas de português.
Nas obras de Augusto dos Anjos é possível perceber a melancolia e o pessimismo. O autor também utiliza muitos termos científicos e médicos. As formas métricas são bem rígidas, mas os versos já apresentam certas características realistas. E o amor, tão caro aos românticos, é visto com ceticismo (falta de crença, dúvida).
A obra se destaca pela visão da vida, numa espécie de réplica à idealização dos temas praticados pelo Parnasianismo. Ressaltado um vocabulário pouco comum, repleto de palavras com forte carga cientificista; mostra o desespero radical com que tematiza o fim de todas as ilusões românticas, a fatalidade da morte como apodrecimento inexorável do corpo, a visão do cosmos em seu processo irreversível de demolição de valores e sonhos humanos.

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