O Pré-Modernismo foi
um período da literatura brasileira, que teve seu desenvolvimento nas décadas
de 1910 e 1920. Muitos estudiosos da literatura brasileira afirmam que foi um
período de transição entre o simbolismo e o modernismo.
Contexto histórico
O Pré-Modernismo
brasileiro situa-se no contexto histórico da consolidação da República.
Caracteriza-se
pelas produções desde início do século até a Semana de Arte Moderna, em 1922. A
expectativa de um novo Brasil, mais justo e moderno, com o advento do regime
republicano foi frustrada. No novo regime, as desigualdades continuaram, a
oligarquia se manteve no poder, a participação política ficou restrita às
elites e os conflitos sociais (exemplos: Guerra da Vacina, Guerra do
Contestado, Cangaço e Revolta da Chibata) pipocaram pelo Brasil. Foi este
contexto que influenciou a produção literária das duas primeiras décadas do
século XX.
A desigualdade social
culminou em diversos movimentos sociais pelo Brasil, como a Revolta de Canudos,
ocorrida no final do século XIX no sertão da Bahia, sob liderança de Antônio
Conselheiro, dentre outros movimentos de protesto às condições de vida no Nordeste.
Além disso, ocorreu também os movimentos protestantes no meio urbano, como a
Revolta da Chibata, em 1910, contra o maltrato da Marinha à corporação e também
as greves de operários.
No começo do século
XX começa a surgir os primeiros indícios da crise cafeeira com a superprodução
de café, a chamada crise da “República Café-com-Leite”.
É em meio a este
quadro na sociedade brasileira que começa no Brasil uma nova produção
literária, intitulada de Pré-Modernismo pelo crítico literário Tristão de
Ataíde. Trata-se das obras literárias de um grupo de escritores que propunham
as mesmas temáticas e formas, as que seriam enquadradas no futuro movimento
literário: o Modernismo.
Principais características do Pré-Modernismo no
Brasil
- Abordagem de
problemas sociais brasileiros (desigualdade, conflitos, pobreza e exclusão
social e política). Estes temas serão retratados, principalmente, nas obras de
dois importantes escritores do período: Lima Barreto e Euclides da Cunha.
- Regionalismo:
valorização de aspectos culturais de regiões do Brasil.
- Estética literária
marcada por valores do Naturalismo.
- Mistura de estilos
literários de escolas anteriores.
- Surgimento, em
alguns escritores (Lima Barreto, por exemplo) do uso da linguagem coloquial.
- Surgimento, embora
o conservadorismo ainda se faça presente, de inovações técnicas na forma de
expressão literária.
* importante: por não
se tratar de uma escola literária, mas sim um período de transição, as
características acima não estão presentes nas obras de todos os escritores
pré-modernistas. Cada escritor possui seu próprio estilo e suas próprias
temáticas de destaque.
Principais escritores pré-modernistas e
suas obras
- Lima Barreto (prosa) – escritor carioca, autor de Triste Fim de Policarpo
Quaresma.
Afonso Henriques de
Lima Barreto, conhecido como Lima Barreto, foi um escritor e jornalista
brasileiro. Autor de uma obra critica veiculada aos temas sociais, o escritor
rompe com o nacionalista ufanista e faz criticas ao positivismo.
“Triste Fim de Policarpo Quaresma” escrito numa linguagem coloquial. Nela o autor faz
crítica à sociedade urbana da época.
- Monteiro Lobato (prosa) – escritor paulista, autor de Cidades Mortas e
Urupês.
José Bento Renato
Monteiro Lobato foi um escritor, editor, ensaísta e tradutor brasileiro. Um dos
mais influentes escritores do século XX, Monteiro Lobato ficou muito conhecido
por suas obras infantis de caráter educativo, como por exemplo, a sério de
livros do Sítio do Picapau Amarelo.
Em 1918 publica “Urupês” uma coletânea regionalista de
contos e crônicas. Já em 1919 publica “Cidades
Mortas” livro de contos que retrata a queda do Ciclo do Café.
- Graça Aranha (prosa) – escritor maranhense, autor de Canaã.
José Pereira da Graça
Aranha foi um escritor e diplomata maranhense. Um dos fundadores da Academia
Brasileira de Letras e um dos organizadores da Semana de Arte Moderna de 1922.
“Canaã” publicada em 1902. A obra aborda a migração alemã no estado do Espírito
Santo. Outras obras que merecem destaque: Malazarte (1914), A Estética da Vida
(1921) e Espírito Moderno (1925).
- Euclides da Cunha (prosa) – escritor carioca cuja principal obra foi Os
sertões.
Euclides Rodrigues da
Cunha foi um escritor, poeta, ensaísta, jornalista, historiador, sociólogo,
geógrafo, poeta e engenheiro brasileiro. Ocupou a cadeira 7 na Academia
Brasileira de Letras de 1903 a 1906.
“Os Sertões: Campanha de Canudos” em 1902, a qual é dividida em três partes: A Terra, o
Homem, A Luta. A obra regionalista retrata a vida do sertanejo. Publicou também
a Guerra de Canudos (1896-1897) no interior da Bahia.
- João Simões Lopes Neto (prosa) –
escritor gaúcho, autor de Contos Gauchescos e Lendas do Sul.
João Simões Lopes
Neto só alcançou a glória literária postumamente, após o lançamento da edição
crítica de Contos Gauchescos e Lendas do Sul, em 1949. Desde a sua morte em 1916 até essa segunda
edição de suas obras mais importantes podemos contar 37 anos em que Simões
Lopes Neto permaneceu no anonimato, desconhecido do grande público.
“Contos gauchescos” 19 contos ambientados no pampa gaúcho e mais um
conjunto de adágios (ditados), “artigos de fé do gaúcho”; traz uma linguagem
regionalizada, mas sem romper com a norma culta própria da tradição literária
- Augusto dos Anjos (poesia) – poeta paraibano, autor da obra Eu.
Augusto de Carvalho
Rodrigues dos Anjos teve o primeiro contato com as letras através do pai,
começando a escrever logo aos sete anos de idade. Cursou direito, formou-se em
1907 mas não chegou a atuar como advogado, dava aulas de português.
Nas obras de Augusto
dos Anjos é possível perceber a melancolia e o pessimismo. O autor também
utiliza muitos termos científicos e médicos. As formas métricas são bem
rígidas, mas os versos já apresentam certas características realistas. E o
amor, tão caro aos românticos, é visto com ceticismo (falta de crença, dúvida).
A obra se destaca
pela visão da vida, numa espécie de réplica à idealização dos temas praticados
pelo Parnasianismo. Ressaltado um vocabulário pouco comum, repleto de palavras
com forte carga cientificista; mostra o desespero radical com que tematiza o
fim de todas as ilusões românticas, a fatalidade da morte como apodrecimento
inexorável do corpo, a visão do cosmos em seu processo irreversível de
demolição de valores e sonhos humanos.
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