O Guarani (1857), de José de
Alencar
Este é o primeiro romance de temática indianista publicado pelo autor,
que estabelece uma visão idealizada sobre a formação do povo brasileiro
através do índio Peri e da portuguesa Cecília. A idealização do indígena fica
evidente nas ações de Peri, que, em certo momento da obra, chega a
oferecer-se para o sacrifício para salvar sua amada Ceci. No final do
romance, a permanência de Ceci com Peri na selva dá um caráter fundador ao
texto.
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Iracema (1865), de José de
Alencar
Durante uma caçada, Martim se perdeu dos companheiros pitiguaras e se
pôs a caminhar sem rumo durante três dias.
No interior das matas pertencentes à tribo dos tabajaras, Iracema se
deparou com Martim. Surpresa e amedrontada, a índia feriu o branco no rosto
com uma flechada. Ele não reagiu. Arrependida, a moça correu até Martim e
ofereceu-lhe hospitalidade, quebrando com ele a flecha da paz.
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Inocência (1872), de Visconde
de Taunay
Uma das mais exploradas temáticas do Romantismo é a do amor proibido.
Essa é a tônica do romance Inocência, que explora a paixão entre os
personagens Cirino, um falso médico que atendia no interior do Brasil; e
Inocência, jovem prometida por seu pai a um morador da região, Manecão Doca.
Num desfecho trágico, a morte de Cirino impede a consagração do amor e,
provavelmente, serve como motivador para a morte da melancólica Inocência.
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A Escrava Isaura (1875), de
Bernardo Guimarães
Este romance apresenta a trajetória de Isaura, escrava paradoxalmente
clara que é perseguida por seu senhor, Leôncio. Após fugir para o Nordeste,
Isaura conhece e apaixona-se por Álvaro. O desfecho do romance é mais que
feliz: Álvaro liberta Isaura das mãos de Leôncio ao pagar dívidas deste e
tomar-lhe os bens. Vale lembrar que a obra obteve importância em sua
trajetória por tratar de um tema polêmico para a época: a escravidão.
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O Ateneu (1888), Raul Pompeia
É o precursor da autoficção, um romance carregadamente autobiográfico,
centrado nas desilusões do menino Sérgio em um colégio que era tido como o
melhor o país. Ele descobre a falsidade e os comportamentos sórdidos de um
mundo onde não há lugar para o amor e a amizade. Escrito com um cuidado de
poeta parnasiano, este é o romance brasileiro em que a linguagem literária chegou
ao seu ápice.
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Memórias de um sargento de
milícias (1852), de Manuel Antônio de Almeida
Publicado em pleno Romantismo, paradoxalmente, uma das principais
virtudes deste romance é o fato de ele fugir aos clássicos clichês
românticos. Leonardo, visto como uma espécie de anti-herói (o narrador chega
a afirmar que o protagonista escolhera ser um vadio), ascende na hierarquia
militar com o apoio do major Vidigal. Os personagens apresentam valores
questionáveis como se percebe na figura do padre (que se envolve com uma
cigana), na mãe de Leonardo (que abandona a família e foge com um amante) ou
mesmo de Vidigal (que ajuda Leonardo por ter interesses pessoais envolvidos).
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Macunaíma (1928), de Mário de
Andrade
O mais divertido retrato do Brasil como um país que vive
contemporaneamente em todas as idades do continente, no período
pré-cabralino, no Brasil dos viajantes estrangeiros, na Colônia, no Império e
na modernidade. O grande feito do livro é transformar as características do
homem nacional tidas como defeitos em elementos positivos de nossa identidade
malandra, ao mesmo tempo em que elege a pilhagem nos documentos como uma
forma de invenção selvagem.
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Vidas Secas (1938), Graciliano
Ramos
Um romance montado com cenas avulsas, a partir de quadros, em que
Graciliano Ramos acompanha a rotina desesperadora de nordestinos que vivem de
fazenda em fazenda, isolados do mundo. Fabiano e Sinhá Vitória têm que tomar
uma decisão crucial, eternizar este ciclo de exploração ou tentar dar aos filhos
o estudo que eles nunca tiveram. Mais do que um romance sobre a seca e o
nordeste, é uma narrativa sobre o poder da linguagem.
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Recordações do Escrivão Isaías
Caminha (1909), Lima Barreto
É a obra que faz a passagem da língua mais formal, de matriz lusitana,
para a linguagem quente das ruas, que representa os seres marginais em um Rio
de Janeiro que sonha com a modernidade. Aqui, Lima Barreto acompanha o drama
de um mulato inteligente, que é violentamente discriminado por sua cor, o que
o autor promove é uma naturalização da linguagem para dar espessura humana a
atores sociais que nunca haviam sido protagonistas na literatura brasileira.
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Fogo Morto (1943), José Lins
do Rego
É a obra máxima do Ciclo da Cana de Açúcar, construída com recursos
narrativos modernos, longe da memorialística de outros livros do autor. Em
“Fogo Morto” ele transforma em mito e em fantasmagoria o fim de um período
colonial da história do Brasil, mostrando a falência do modelo social dos
engenhos, do qual ele se sente órfão. Aqui, a matéria nordestina ganha uma
estrutura narrativa de planos que se sobrepõem, condensando todo um tempo.
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Grande Sertão: Veredas (1956),
Guimarães Rosa
Verdadeira enciclopédia do Sertão, este romance avança barrocamente
para todos os lados, mostrando um narrador sertanejo que usa filosoficamente
a linguagem, modificando-a para tentar dar vazão aos seus questionamentos
interiores. Riobaldo narra para nos e para se convencer de sua inocência em
relação a três episódios centrais: o pacto que ele teria feito com o diabo, o
fato de amar em Diadorim (a guerreira travestida de jagunço) a mulher e não o
homem e as mortes que ele comete na jagunçagem.
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O Coronel e o Lobisomem
(1964), José Cândido de Carvalho
Ambientado no litoral carioca, este romance coloca em cena um narrador
mentiroso, que gosta de contar vantagem, mas que revela, em cada episódio, a
sua ingenuidade de roceiro. O coronel que acreditava em lobisomem é
completamente enganado por figuras urbanas, cifrando o fim deste mundo
mítico, que não tem mais continuidade no presente. Aqui, a linguagem
sertaneja ganha um colorido deslumbrante para cifrar o descompasso deste
mundo.
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A Pedra do Reino (1971),
Ariano Suassuna
Obra monumental, de incorporação da cultura popular, que se apresenta
programaticamente inconclusa, na qual o narrador, preso por seu envolvimento
com um episódio trágico do sertão (a degola de animais e pessoas para
instaurar o Império da Pedra do Reino) constrói o romance como uma peça de
defesa, tentando nos convencer de sua inocência. Farsa e fanatismo dão a
tônica ao romance.
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Memórias Póstumas de Brás
Cubas (1881), Machado de Assis
Uma desconstrução do Brasil, por meio da ironia, que escancara a
hipocrisia da nossa elite dirigente no século 19. Machado de Assis dá voz a
um narrador defunto que, longe da vida social, pode zombar do caráter das
pessoas com quem conviveu. O romance também é importante por se valer de
novas técnicas narrativas, fazendo-se a obra mais inovadora daquele século.
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