PARA QUE SERVE
UMA RELAÇÃO
Lendo a entrevista que o médico e escritor Drauzio
Varela deu para a revista Marie Claire, encontrei a definição mais simples e
exata sobre o sentido de mantermos uma relação: “uma relação tem que servir
para tornar a vida dos dois mais fácil”.
Vou dar continuidade a esta afirmação porque o assunto
é bom e merece ser desenvolvido.
Algumas pessoas mantém relações para se sentirem
integradas na sociedade, para provarem a si mesmas que são capazes de ser
amadas, para evitar a solidão, por dinheiro ou por preguiça. Todos fadados à
frustração.
Uma relação tem que servir para você se sentir 100% à
vontade com outra pessoa, à vontade para concordar com ela e discordar dela,
para ter sexo sem não-me-toques ou para cair no sono logo após o jantar,
pregado.
Uma relação tem que servir para você ter com quem ir
ao cinema de mãos dadas, para ter alguém que instale o som novo enquanto você
prepara uma omelete, para ter alguém com quem viajar para um país distante,
para ter alguém com quem ficar em silêncio sem que nenhum dos dois se incomode
com isso.
Uma relação tem que servir para, às vezes, estimular
você a se produzir, e, quase sempre, estimular você a ser do jeito que é, de
cara lavada e bonita a seu modo. Uma relação tem que servir para um e outro se
sentirem amparados nas suas inquietações, para ensinar a confiar, a respeitar
as diferenças que há entre as pessoas, e deve servir para fazer os dois se
divertirem demais, mesmo em casa, principalmente em casa.
Uma relação tem que servir para cobrir as despesas um
do outro num momento de aperto, e cobrir as dores um do outro num momento de
melancolia, e cobrirem o corpo um do outro quando o cobertor cair.
Uma relação tem que servir para um acompanhar o outro
no médico, para um perdoar as fraquezas do outro, para um abrir a garrafa de
vinho e para o outro abrir o jogo, e para os dois abrirem-se para o mundo,
cientes de que o mundo não se resume aos dois.
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