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sábado, 22 de setembro de 2018

Literatura - Obras para estudo ENEM


O Guarani (1857), de José de Alencar


Este é o primeiro romance de temática indianista publicado pelo autor, que estabelece uma visão idealizada sobre a formação do povo brasileiro através do índio Peri e da portuguesa Cecília. A idealização do indígena fica evidente nas ações de Peri, que, em certo momento da obra, chega a oferecer-se para o sacrifício para salvar sua amada Ceci. No final do romance, a permanência de Ceci com Peri na selva dá um caráter fundador ao texto.

Iracema (1865), de José de Alencar
 

Durante uma caçada, Martim se perdeu dos companheiros pitiguaras e se pôs a caminhar sem rumo durante três dias.
No interior das matas pertencentes à tribo dos tabajaras, Iracema se deparou com Martim. Surpresa e amedrontada, a índia feriu o branco no rosto com uma flechada. Ele não reagiu. Arrependida, a moça correu até Martim e ofereceu-lhe hospitalidade, quebrando com ele a flecha da paz.

Inocência (1872), de Visconde de Taunay


Uma das mais exploradas temáticas do Romantismo é a do amor proibido. Essa é a tônica do romance Inocência, que explora a paixão entre os personagens Cirino, um falso médico que atendia no interior do Brasil; e Inocência, jovem prometida por seu pai a um morador da região, Manecão Doca. Num desfecho trágico, a morte de Cirino impede a consagração do amor e, provavelmente, serve como motivador para a morte da melancólica Inocência.

A Escrava Isaura (1875), de Bernardo Guimarães
 


Este romance apresenta a trajetória de Isaura, escrava paradoxalmente clara que é perseguida por seu senhor, Leôncio. Após fugir para o Nordeste, Isaura conhece e apaixona-se por Álvaro. O desfecho do romance é mais que feliz: Álvaro liberta Isaura das mãos de Leôncio ao pagar dívidas deste e tomar-lhe os bens. Vale lembrar que a obra obteve importância em sua trajetória por tratar de um tema polêmico para a época: a escravidão.

O Ateneu (1888), Raul Pompeia
É o precursor da autoficção, um romance carregadamente autobiográfico, centrado nas desilusões do menino Sérgio em um colégio que era tido como o melhor o país. Ele descobre a falsidade e os comportamentos sórdidos de um mundo onde não há lugar para o amor e a amizade. Escrito com um cuidado de poeta parnasiano, este é o romance brasileiro em que a linguagem literária chegou ao seu ápice.

Memórias de um sargento de milícias (1852), de Manuel Antônio de Almeida


Publicado em pleno Romantismo, paradoxalmente, uma das principais virtudes deste romance é o fato de ele fugir aos clássicos clichês românticos. Leonardo, visto como uma espécie de anti-herói (o narrador chega a afirmar que o protagonista escolhera ser um vadio), ascende na hierarquia militar com o apoio do major Vidigal. Os personagens apresentam valores questionáveis como se percebe na figura do padre (que se envolve com uma cigana), na mãe de Leonardo (que abandona a família e foge com um amante) ou mesmo de Vidigal (que ajuda Leonardo por ter interesses pessoais envolvidos).

Macunaíma (1928), de Mário de Andrade

 
O mais divertido retrato do Brasil como um país que vive contemporaneamente em todas as idades do continente, no período pré-cabralino, no Brasil dos viajantes estrangeiros, na Colônia, no Império e na modernidade. O grande feito do livro é transformar as características do homem nacional tidas como defeitos em elementos positivos de nossa identidade malandra, ao mesmo tempo em que elege a pilhagem nos documentos como uma forma de invenção selvagem.

Vidas Secas (1938), Graciliano Ramos

Um romance montado com cenas avulsas, a partir de quadros, em que Graciliano Ramos acompanha a rotina desesperadora de nordestinos que vivem de fazenda em fazenda, isolados do mundo. Fabiano e Sinhá Vitória têm que tomar uma decisão crucial, eternizar este ciclo de exploração ou tentar dar aos filhos o estudo que eles nunca tiveram. Mais do que um romance sobre a seca e o nordeste, é uma narrativa sobre o poder da linguagem.

Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909), Lima Barreto


É a obra que faz a passagem da língua mais formal, de matriz lusitana, para a linguagem quente das ruas, que representa os seres marginais em um Rio de Janeiro que sonha com a modernidade. Aqui, Lima Barreto acompanha o drama de um mulato inteligente, que é violentamente discriminado por sua cor, o que o autor promove é uma naturalização da linguagem para dar espessura humana a atores sociais que nunca haviam sido protagonistas na literatura brasileira.

Fogo Morto (1943), José Lins do Rego


É a obra máxima do Ciclo da Cana de Açúcar, construída com recursos narrativos modernos, longe da memorialística de outros livros do autor. Em “Fogo Morto” ele transforma em mito e em fantasmagoria o fim de um período colonial da história do Brasil, mostrando a falência do modelo social dos engenhos, do qual ele se sente órfão. Aqui, a matéria nordestina ganha uma estrutura narrativa de planos que se sobrepõem, condensando todo um tempo.

Grande Sertão: Veredas (1956), Guimarães Rosa


Verdadeira enciclopédia do Sertão, este romance avança barrocamente para todos os lados, mostrando um narrador sertanejo que usa filosoficamente a linguagem, modificando-a para tentar dar vazão aos seus questionamentos interiores. Riobaldo narra para nos e para se convencer de sua inocência em relação a três episódios centrais: o pacto que ele teria feito com o diabo, o fato de amar em Diadorim (a guerreira travestida de jagunço) a mulher e não o homem e as mortes que ele comete na jagunçagem.

O Coronel e o Lobisomem (1964), José Cândido de Carvalho


Ambientado no litoral carioca, este romance coloca em cena um narrador mentiroso, que gosta de contar vantagem, mas que revela, em cada episódio, a sua ingenuidade de roceiro. O coronel que acreditava em lobisomem é completamente enganado por figuras urbanas, cifrando o fim deste mundo mítico, que não tem mais continuidade no presente. Aqui, a linguagem sertaneja ganha um colorido deslumbrante para cifrar o descompasso deste mundo.

A Pedra do Reino (1971), Ariano Suassuna


Obra monumental, de incorporação da cultura popular, que se apresenta programaticamente inconclusa, na qual o narrador, preso por seu envolvimento com um episódio trágico do sertão (a degola de animais e pessoas para instaurar o Império da Pedra do Reino) constrói o romance como uma peça de defesa, tentando nos convencer de sua inocência. Farsa e fanatismo dão a tônica ao romance.

Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Machado de Assis


Uma desconstrução do Brasil, por meio da ironia, que escancara a hipocrisia da nossa elite dirigente no século 19. Machado de Assis dá voz a um narrador defunto que, longe da vida social, pode zombar do caráter das pessoas com quem conviveu. O romance também é importante por se valer de novas técnicas narrativas, fazendo-se a obra mais inovadora daquele século.

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